Um Prefeito Mais Que Imperfeito
Num desses fins de semana fui com uma mulher que conheço a um casamento num bufê. Normalmente não sou chegado a festividades. Compomos um casal. Acredito que ela tenha motivos para, em alguns momentos, sentir-se bem ao meu lado. Esse é um deles. Momentos.
Bem informado, lido razoavelmente com as palavras. Tenho uma razoável experiência em vários campos do conhecimento teórico e prático. Não sou uma companhia de se jogar fora. Estar comigo é estar fazendo uma leitura atualizada dos eventos do mundo.
Vestido à caráter, trocava figurinhas com ela, quando, num clima de fim de festa entra o Prefeito Mais Que Imperfeito com seu séquito de seguranças e puxa-sacos. Ele passa a impressão que está chupando limão com aquela cara de quem fazendo favor em estar ali, com toda a sua barriguda “importância”.
Comentei com ela:
— “De médico e louco, já dizia minha avó, todos temos um pouco”. E quem sabe, de político também. Essa classe tão desprestigiada pela opinião popular no país inteiro. Ela logo se dispôs a cumprimentá-lo, a fazer sala com afagos verbais e simpatia de salão.
Não sou de jogar confete e serpentina em políticos. E em políticos do partido (a)fundado pelo “rei mulatinho”, muito menos. Trabalhei com sucesso na campanha de reeleição de outro fundador desse partido, o ilustre ex-governador de São Paulo Mário Covas. Acredito ter contribuído para sua reeleição. Não me arrependi.
Hoje acredito que o PSDB já cumpriu todo o seu “projeto social de governo” ao elegê-lo (o “rei Mulatinho”) por duas vezes presidente da República. Ele e sua vaidade incomensurável passaram para a história do Brasil como o presidente que confundiu “projeto social” com o sair de quando em vez na coluna social do Zózimo.
Ela me fazia gestos sugerindo que a acompanhasse na cortesia. Durante a campanha ela havia entregado (ao PMQI) algumas sugestões de como fazer para desnortear num debate tvvisivo sua adversária candidata à Prefeitura de Teresina. Ele usou algumas dicas no debate e se deu bem. Minha contribuição valeu, mas ele a ignorou. Propositalmente. Não agradeceu, pelo contrário, após os comprimentos de praxe, começou a me ameaçar.
Com aquela boca de quem fala chupando limão azedo, começou a dizer que a pessoa que eu acompanhava era muito querida por ele e que não admitia que eu a magoasse, que tomasse cuidado e satisfizesse todas as expectativas dele com relação ao que eu deveria representar para ela. E coisa e tal.
Minha réplica foi simples. Na verdade estou passando por uma fase de tentar me ajustar às loucuras das pessoas de modo geral. Sejam elas políticas ou não. Aquele maluco mal me conhecia e já começava a me ameaçar, contra todos os princípios, os mais elementares, de educação e urbanidade. Mesmo sem saber que tipo de relação um casal de indivíduos adultos havia combinado entre si.
Caro PMQI, eu não estou no mundo, nem em companhia de pessoas, para satisfazer as suas, mas as minhas expectativas e as delas, conforme os princípios que regem nossas (as minhas e as delas) relações. Não tenho satisfações a lhe dar. E peço desculpas por me ter aproximado de um troglodita e respeitado, até certo ponto, sua agressão, desde que minha resposta poderia ser outra (tal como falei com ela) mais de acordo com sua intimidação.
Você como político menor, e já está cheio de “poder”, comportando-se como um reles ditadorzinho, abundante de patética presunção sobre como deveria ser os relacionamentos de outras pessoas, até as que lhes tentavam prestar homenagem. Sim, porque você não foi agressivo apenas para comigo, mas para com ela também. Eu a acompanhava. Imagina-se que você pretenda candidatar-se ao governo do Estado. Então, sentir-se-ia mais à vontade para fazer ameaças e quem sabe, cumpri-las.
Novamente vou contribuir para seu futuro político. Outra vez de forma espontânea e gratuita, quem sabe agora você me dirija pelo menos um “muito obrigado”. Sugiro que volte o mais rapidamente possível a exercer a medicina, quem sabe você prestaria algum serviço adequado às necessidades da comunidade de teresinenses.
Enquanto Prefeito Mais Que Imperfeito você tem sido um desastre para a cidade, com essa sua pose de honesto, de quem está fazendo grande favor em se dedicar à política para ajudar a cidade. Quem sabe almeje que ingênuos de todos os matizes possam crer nesse seu posicionamento político de araque. Senão vejamos:
Seu partido político tentou contemplar a população mais pobre com um programa (premiadíssimo) denominado “Vila Bairro”.
Centenas de favelas adentraram as periferias das cidades, país adentro, país afora. Foram criadas pelos tucanos sem qualquer ordenamento mais adequado a uma estrutura de serviços públicos em locais tornados super carentes de urbanidade.
Na capital de Teresina as populações suburbanas sofrem atoladas na lama das periferias enquanto o “Prefeito Mais Que Imperfeito” guarda a grana preta nos cofres da municipalidade visando soltá-la em período eleitoral.
Duas décadas no poder político não foram suficientes para o grupo político do atual PMQI fazer uma precária galeria na Vila da Paz.
Enquanto ele guarda as verbas para o ano eleitoral, os moradores vivem tragédias por faltar nos locais em que habitam a “mínima morália política”. Quero dizer: o mínimo saneamento básico. Desculpe o leitor a redundância.
O PMQI e sua turma eleitoreira foram capitalizar votos passeando no local da tragédia na qual quatro pessoas de uma mesma família morreram soterradas. Nenhum deles falou na construção da galeria que evitaria novos acidentes fatais.
Eles foram lá apenas para capitalizar propaganda política. Para aparecer na mídia. Conseguiram mostrar que a desatenção com as pessoas do subúrbio continua a mesma. Talvez porque nos mapas eleitorais aquela região não tenha apresentado bons índices de votação nele.
Segundo jornalistas que estiveram no local, o PMQI repetia muitas vezes que aquela era uma “tragédia anunciada”. A frase de efeito por certo tirada de um livro do prêmio Nobel de literatura Gabriel Garcia Marques. Se era tão anunciada, então como explicar à população do município de Teresina que o PMQI não tenha feito nadica de nada para impedi-la?
O Prefeito Mais Que Imperfeito mostra-se partidário da “tolerância zero”. Por que não usá-la com relação a seu próprio mandato? Se o PMQI tivesse de prestar contas à cidade, quantas mortes ele teria de responder no Ministério Público por crime de irresponsabilidade administrativa?
Para ser um mínimo dos mínimos honesto para com a “tolerância zero” ele teria de, imediatamente, cassar o próprio mandato.
Ora, querem apostar os (e)leitores? Ele vai se candidatar nas próximas eleições. Para continuar fazendo o que tem feito. E ampliar aquele nefasto “poder” de ameaça. Igual a qualquer mafioso intolerante. Preso às demandas de seu grupo político, detestando a liberdade de costumes de outras pessoas. Pensando que nasceram para satisfazer suas expectativas. Quaisquer que sejam.