O Resgate da Minha Vocação Literária

     A minha vocação para a Literatura eclodiu quase precocemente quando eu ainda era um adolescente, mas demorou um pouco mais que o resgate da minha cidadania para que eu a vivenciasse plenamente.
     Ainda estudante do Ginásio, minha boa capacidade de expressão e redação, aliada a uma fértil imaginação, já me fazia obter prêmios de redação e fazer uns bons continhos. Depois, passei a escrever em jornais e revistas, e, ainda na Faculdade de Letras, publiquei o meu primeiro livro, um ensaio literário, com o qual ganhei o 1º lugar no concurso literário “Josué Montello, o Homem e a Obra”, em 1977. Parecia, portanto, quase evidente que eu teria futuro na prosa – fosse como ensaísta, contista, cronista ou, quem sabe, romancista.
     Quanto à poesia, eis uma inusitada história. Eu tinha meus 15 anos quando li numa antologia poética um poema de amor e paixão. Era uma espécie de carta em que o poeta, cansado de amar sem esperanças, se despedia para sempre da sua amada. Na verdade, era um dramalhão poético, mas as imagens eram tão belas que fiquei para sempre picado pela mosca azul da poesia. Sempre tive uma grande habilidade para fazer rimas, uma veia repentista, e executava esse talento criando quadrinhas irreverentes para satirizar pessoas ou situações nas escolas onde estudava ou nos empregos por onde passei, onde sempre fiquei reconhecido pela minha veia humorística. Na verdade, passei anos fascinado pela arte poética, mas sem atrever-me a fazer poemas verdadeiros, ou melhor, fiz exatamente 12, entre os meus 18 a 30 anos, e os deixei guardados em um velho caderno escolar. E assim se passaram 35 anos!
     Depois do vendaval em que se transformou a minha vida, de 1967 a 1999, por causa da minha dependência química, renasceu a minha paixão antiga pela Literatura e em 2006, navegando pela Internet, passei a acessar alguns sites literários, a princípio pelo diletantismo da leitura, e depois, como autor inscrito em um site especializado exclusivamente em contos. Lá, uma autora que se tornou minha amiga, convidou-me a ingressar num outro grande site literário – o nosso Recanto das Letras.   Aproveitando o fato de que o novo site tanto era de escritores quanto de poetas, resolvi publicar, além dos meus contos e crônicas, aqueles 12 poemas que guardava como relíquias dos meus tempos de jovem romântico. Para minha surpresa, fizeram sucesso, recebendo um grande número de leituras e comentários elogiosos. Foi aí, aos 65 anos, que admiti, pela primeira vez, que eu poderia ter vocação poética, pois das duas uma: ou as pessoas que me aplaudiam nada entendiam de poesia ou viam talento e inspiração no meu ofício poético. Preferi acreditar na segunda hipótese e a partir de 2006 passei a fazer poemas regularmente. Hoje tenho mais 500 publicados nos sites literários da Internet.
      Mas não parei com os outros gêneros literários, pois me tornei um autor reconhecido por sua versatilidade: escrevo poemas, contos, crônicas, artigos, ensaios, textos eróticos e de humor, etc. Os temas também variam muito, de acordo com o meu momento ou com a minha emoção; por isso, passo de um texto sério ou romântico para um texto irreverente, debochado ou erótico com muita facilidade. Nessas condições, escrevendo sobre quase tudo, atinjo, neste mês de março de 2010, a uma produção literária de cerca de 1000 textos postados em sites literários da Internet, inclusive no site canadense Poetastrabajando.com, onde sou moderador da sala Poesía en Portugués. Além disso, pretendo chegar, ainda neste primeiro semestre de 2010, à marca do meu terceiro livro impresso, com a publicação do meu primeiro livro de poesias.
     Para quem iniciou o ano de 2006 com apenas um reconhecido bom domínio do idioma pátrio e da arte de escrever, e 12 poemas guardados num velho caderninho escolar, não será nenhum exagero concluir que o resgate da minha vocação literária, assim de forma tão rápida quanto produtiva, não só contribui para dar melhores cores à minha autoestima como comprova que a minha mente tornou-se igual a um pássaro que, libertando-se da sua gaiola, agora anseia por voos mais altos, parecendo querer compensar-se por seus tempos de cativeiro.
     A propósito, transcrevo aqui o trecho final da minha Apresentação do meu livro de poesias "Muito Além de Um Incerto Amanhã", a ser publicado brevemente:
     "Assim são os seres humanos – sempre exigindo mais do destino. Por 35 anos, guardei 12 poeminhas e nunca quis mostrá-los a ninguém; de 2006 em diante, postei em sites não só os 12 poeminhas como uma penca de novos poemas. E agora, não satisfeito ainda, publico este livro de poesias, esperando que você, meu caro leitor, minha cara leitora, aceitem ler-me.
     Sem reclamações, por favor, pois foram os outros que, lá em 2006, colocaram na minha cabeça que tenho dom de poeta."

     Preciso dizer que foram vocês - meus amigos e minhas amigas do Recanto, meus fiéis leitores - que colocaram isso na minha cabeça? rs



Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 12/04/2010
Reeditado em 12/04/2010
Código do texto: T2191811
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