SABER OUVIR
IMAGEM DA INTERNET
Encontrava-me no hospital, na ala pediátrica do SUS realizando meu trabalho de rotina, quando percebo a aproximação de uma moça. Jeito simples, muito humilde, chegou bem próximo de mim e perguntou: “Moço, o senhor é médico?”
Respondi-lhe que não, mas que trabalhava na Comissão de Controle da Qualidade do hospital. Ela me olhou um tanto confusa demonstrando claramente que eu havia falado com ela em outro idioma, o qual ela não entendia.
Procurei deixá-la à vontade tentando saber o que estava acontecendo para que ela se dirigisse a mim, e sua resposta foi simplesmente: “Nada não moço, tá tudo bem, eu só queria conversar um pouquinho com alguém”.
Propus-me a ouvi-la, mas ela, talvez ao me ver um tanto desajeitado com uma prancheta e um monte de papéis nas mãos, não quis levar a conversa adiante, provavelmente pensando que poderia atrapalhar o andamento do meu trabalho. Insisti, ela agradeceu, mas seguiu seu caminho pelo corredor da ala até entrar em um dos quartos.
Imediatamente, lembrei-me do “saber ouvir”. Algo que quase não se pratica mais. Na verdade isso já vem de longa data ou, talvez, desde que o mundo é mundo. Ouvir é tão importante que dizem: “Deus nos deu dois ouvidos e apenas uma boca para que possamos ouvir mais do que falar”.
Podemos estar presentes junto a alguém que precisa apenas de um pouco de atenção e respeito. E pode ter certeza, sempre tem alguém que precisa. Ouvir não é uma atitude passiva, onde nada se faz, mas sim, uma atitude ativa e participativa onde se ouve o que é dito e se observa o que não é dito.
“Estou sem tempo pra nada”, é o que mais se diz atualmente, como se isso fosse o máximo, quando, na verdade, é o mínimo do bem viver. As pessoas se deixam envolver pela correria do cotidiano, pela competição, pela mídia, e não encontram tempo para ouvir, às vezes, até mesmo a pessoa do lado, o colega, o amigo, o familiar e até... o próprio filho. É comum enviar-se uma mensagem eletrônica a alguém que está no mesmo ambiente, ao invés de dirigir-se a ela diretamente.
Quando nos dispomos a ouvir alguém devemos ter sempre em mente que o foco de nossa atenção deve estar na pessoa e não no seu problema. Quem ouve precisa transmitir à pessoa aquilo que compreendeu do que ela comunicou. O hábito, formado ao longo de muitos anos, de nos concentrarmos nos problemas dificulta a postura de colocar a pessoa em primeiro plano. E mais, não dê conselhos. Aquela máxima de nossos avós é pura verdade: “se conselho fosse bom ninguém dava, vendia”. Pode ter certeza de que se alguém perguntar “o que você faria no meu lugar?”, qualquer coisa que você responder não será aquilo que a pessoa quer ouvir. Ao dar conselhos, você estará inclusive subestimando a capacidade da pessoa em resolver seus próprios problemas. Jamais tenha a pretensão de resolver os problemas dos outros.
Ao ouvir, faça-o com atenção e dedicação, respeitando até os silêncios que poderão surgir. Não interrompa a outra pessoa no meio de uma frase que ela está dizendo, pois, agindo assim, você envia pelo menos três mensagens negativas:
- não prestava atenção ao que era dito e sua cabeça já pensava na resposta;
- não estava valorizando a opinião dela;
- você já pensava que o que tinha a dizer era muito mais importante do que ela dizia. Então... Estas mensagens são desrespeitosas e deve-se evitá-las sempre. Espere sempre a sua vez.
Tenha em mente que uma voz sempre transmite algo e por trás de cada voz que se ouve, existe uma história que se desconhece, mas que, certamente foi decisiva para tornar a pessoa quem ela é.
Daniel Goleman, em seu livro “Inteligência Emocional” diz: “Nos dias de hoje, é flagrante a crise que a humanidade atravessa. Crimes hediondos, suicídio, abuso de drogas, são sinais alarmantes de uma sociedade emocionalmente doente. Tudo isso é o reflexo de uma cultura que só apostou no intelecto e no consumismo, relegando ao esquecimento o lado emocional do indivíduo”.
Abrace a humanização, aprenda a ouvir e a caminhar junto com quem precisa, lembrando-se sempre que “ouvir é um hábito e um hábito se instala com repetição”.
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Encontrava-me no hospital, na ala pediátrica do SUS realizando meu trabalho de rotina, quando percebo a aproximação de uma moça. Jeito simples, muito humilde, chegou bem próximo de mim e perguntou: “Moço, o senhor é médico?”
Respondi-lhe que não, mas que trabalhava na Comissão de Controle da Qualidade do hospital. Ela me olhou um tanto confusa demonstrando claramente que eu havia falado com ela em outro idioma, o qual ela não entendia.
Procurei deixá-la à vontade tentando saber o que estava acontecendo para que ela se dirigisse a mim, e sua resposta foi simplesmente: “Nada não moço, tá tudo bem, eu só queria conversar um pouquinho com alguém”.
Propus-me a ouvi-la, mas ela, talvez ao me ver um tanto desajeitado com uma prancheta e um monte de papéis nas mãos, não quis levar a conversa adiante, provavelmente pensando que poderia atrapalhar o andamento do meu trabalho. Insisti, ela agradeceu, mas seguiu seu caminho pelo corredor da ala até entrar em um dos quartos.
Imediatamente, lembrei-me do “saber ouvir”. Algo que quase não se pratica mais. Na verdade isso já vem de longa data ou, talvez, desde que o mundo é mundo. Ouvir é tão importante que dizem: “Deus nos deu dois ouvidos e apenas uma boca para que possamos ouvir mais do que falar”.
Podemos estar presentes junto a alguém que precisa apenas de um pouco de atenção e respeito. E pode ter certeza, sempre tem alguém que precisa. Ouvir não é uma atitude passiva, onde nada se faz, mas sim, uma atitude ativa e participativa onde se ouve o que é dito e se observa o que não é dito.
“Estou sem tempo pra nada”, é o que mais se diz atualmente, como se isso fosse o máximo, quando, na verdade, é o mínimo do bem viver. As pessoas se deixam envolver pela correria do cotidiano, pela competição, pela mídia, e não encontram tempo para ouvir, às vezes, até mesmo a pessoa do lado, o colega, o amigo, o familiar e até... o próprio filho. É comum enviar-se uma mensagem eletrônica a alguém que está no mesmo ambiente, ao invés de dirigir-se a ela diretamente.
Quando nos dispomos a ouvir alguém devemos ter sempre em mente que o foco de nossa atenção deve estar na pessoa e não no seu problema. Quem ouve precisa transmitir à pessoa aquilo que compreendeu do que ela comunicou. O hábito, formado ao longo de muitos anos, de nos concentrarmos nos problemas dificulta a postura de colocar a pessoa em primeiro plano. E mais, não dê conselhos. Aquela máxima de nossos avós é pura verdade: “se conselho fosse bom ninguém dava, vendia”. Pode ter certeza de que se alguém perguntar “o que você faria no meu lugar?”, qualquer coisa que você responder não será aquilo que a pessoa quer ouvir. Ao dar conselhos, você estará inclusive subestimando a capacidade da pessoa em resolver seus próprios problemas. Jamais tenha a pretensão de resolver os problemas dos outros.
Ao ouvir, faça-o com atenção e dedicação, respeitando até os silêncios que poderão surgir. Não interrompa a outra pessoa no meio de uma frase que ela está dizendo, pois, agindo assim, você envia pelo menos três mensagens negativas:
- não prestava atenção ao que era dito e sua cabeça já pensava na resposta;
- não estava valorizando a opinião dela;
- você já pensava que o que tinha a dizer era muito mais importante do que ela dizia. Então... Estas mensagens são desrespeitosas e deve-se evitá-las sempre. Espere sempre a sua vez.
Tenha em mente que uma voz sempre transmite algo e por trás de cada voz que se ouve, existe uma história que se desconhece, mas que, certamente foi decisiva para tornar a pessoa quem ela é.
Daniel Goleman, em seu livro “Inteligência Emocional” diz: “Nos dias de hoje, é flagrante a crise que a humanidade atravessa. Crimes hediondos, suicídio, abuso de drogas, são sinais alarmantes de uma sociedade emocionalmente doente. Tudo isso é o reflexo de uma cultura que só apostou no intelecto e no consumismo, relegando ao esquecimento o lado emocional do indivíduo”.
Abrace a humanização, aprenda a ouvir e a caminhar junto com quem precisa, lembrando-se sempre que “ouvir é um hábito e um hábito se instala com repetição”.
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