O morro.

Eu sou Tatiane.

Estávamos conversando.

Já era noitinha e chovia muito.

Porém estávamos num quarto, trocando piadas e sorrisos altos...

Lembro-me que der repente tudo ficou tão escuro e senti um peso enorme sobre minhas costas.Já não ouvia mais aqueles risos. Pra ser sincera não ouvia nada, via apenas aquela escuridão terrível.

Tudo bem pensei...deve ser apenas um sonho.

Mas esse sonho parecia longo e quase sem nexo.

Não compreendia ao certo o que se passava.

Já estava cansada.

Cansada e impaciente.

E com um pouco mais de tempo, ficava com sede, com fome...

Deus se for um sonho me acorde! Por favor!

Eu mal podia me mexer e o ar me faltava a cada minuto.

Aos poucos tudo se submergiu num intenso vazio.

Acordei dias depois naquele hospital, ao lado de outras pessoas, sem entender o que acontecera...

Reportagem:

À três dias atrás um morro desabou sobre uma casa num bairro distante, aqui em São Paulo.

Tatiane era uma das vítimas...

Ficaria sabendo disso certamente por um familiar que por sorte sobrevivera ao desastre...