A opinião remove montanhas

É consenso. Pessoas turronas, com ideias firmes, nem sempre certas, mas afincadas, popularmente conhecidas como “cabeça-dura”, são tidas como pessoas de “gênio forte”. Mas a opinião é própria?

Parece aquela piada do Tenente e seu subordinado durante a ditadura:

Tenente – Soldado 29, o que pensas do nosso governo?

Soldado – O mesmo que o senhor, senhor!

Tenente – Soldado 29! Está preso por desacato ao governo.

Como aconteceu recentemente no famoso reality show, onde condenaram um dos participantes como Nazista homofônico e mais outras delicadezas singelas, como chutador de poodles, enquanto nas votações secretas, abonaram suas ideias premiando-o. Ou seja, opinião que vale é a dos outros. Parece que todo mundo torce que alguém venha a público e dê sua opinião e fique de peito aberto aos pregos da crucificação.

Mesmo tendo uma opinião similar, para não desagradar ao povo, todos atiram mais uma pedra. Como um erro de um ídolo, logo vira moda. A idolatria medíocre inibe a opinião. Aprecie a obra, embora questione a vida de seu autor, a que concorde, ou discorde, como diz o filosofo: “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é coisa”.

Toda a opinião lançada terá conseqüências, ou boas ou ruins, em um tempo de “politicamente correto”, até criticar ladrão gera processo. Arrumam desculpas para fugir de todas as encrencas possíveis que acarretam com as ideias. Desculpas de perseguição, tal qual antissemitismo, para acusações de pedofilia. O Papa não está imune a essas acusações de acobertamento de casos quando era bispo, sejam as acusações verdadeiras ou não, precisa de apuração. Aliás, milhões de pessoas seguindo o mesmo livro de 2600 anos atrás, idolatrando uma pessoa, que sequer aceitam como era, criaram uma aura protecionista em torno do ídolo, que nem casado querem que seja.

Faz-se um drama de comoção nacional a morte de uma ou outra pessoa pública, ou pela forma que aconteceu a morte de uma criatura desconhecida que no descortinar da vida fez fama, e esquecem as milhares de mortes acontecidas no transito, na violência das nossas cidades em assaltos e latrocínios, numa guerra diária, que é como se um A-320 se chocasse com um prédio todos os dias.

Não bastasse toda essa catástrofe humana desnecessária, ainda há os assassinatos premeditados pela ganância e mau gerenciamento de nossos eleitos, no descaso com os riscos das ocupações irregulares, agir antes para que? Deus ajuda seu rebanho. Então vamos extirpar os cargos públicos e deixar todas as ações ao “Deus dará”. Ainda tem quem defenda a justiça divina ante a humana, então é defensor da pena de morte? Manda para o júri de Deus agora?

Estamos por demais amordaçados, quem não manda uma idéia, mesmo que equivocada, ou um e-mail, mesmo que anônimo, não pode se eximir de culpa, mas como só quem não tem cabeça é que manda na opinião dos outros, a maioria cruza os braços, ou os dedos, mas a montanha não se mexe, mesmo com o mundo todo rezando em torno dela.

J B Ziegler
Enviado por J B Ziegler em 09/04/2010
Código do texto: T2186660
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