Ataque de Pânico
Um ligeiro desconforto intestinal.
Uma leve dor de cabeça.
Nossa, como esfriou.... devia ter vestido mais um agasalho... Gente! será que sou só eu que estou com tanto frio???
Olho em volta, todos continuam em suas mesas, como se nada estivesse acontecendo. Espere ai, paredes?
Ah não, ar... preciso de ar... mas como vou fazer para sair? preciso andar cerca de 20 passos, subir 14 degraus para que? para eu ficar sozinha diante ao desconhecido??? Não, melhor não... mas essas paredes... sem dúvida, preciso sair! Agora!
Já não tremia com o frio, chaqualhava.
A cabeça não doia, latejava.
Não, preciso ir para casa tomar um banho fervendo.
Mas tenho certeza que se sair daqui algo horrivel vai acontecer!
Falo palavras sem nexo para a gerente, e sem mesmo esperar pela resposta já pego minhas coisas e saio pela porta.
Maldito ônibus que não passa!
Mas onde eu estava com a cabeça, nunca vou conseguir chegar em casa! Não isto está errado! Pego transporte todos os dias e nada me aconteceu!
Hoje é certo, algo está a acontecer...
Dou o sinal. Embarco. Sinto o tranco da acelerada e me agarro com o que parece ser o último suspiro de força restante em mim.
Sinto um bolo na garganta. Não sei se é o choro que tento engolir, a agonia que está a aflorar, ou a garganta que sucumbiu ao frio.
Frio? nossa, mas nunca tinha reparado como esse agasalho é quente! Quem sabe possa derreter o sangue congelado em minhas veias...
Um acento livre.
Não sento, desmorono.
Abaixo a cabeça e escondo o rosto com as mãos. Não sei se para secar as lágrimas de agonia, secar o rosto de suor ou se para me esconder do destino pavoroso que me aguarda. Eu sei que me aguarda. Mas o que estava pensando quando saí de lá? Não vou conseguir chegar...
Malditas paredes, malditas pessoas... será que não existe uma alma disposta a me estender a mão?
Não, estou sozinha... sabe-se lá até quando....
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Quem já passou por isso sabe...