PRECISO DE UM ABRAÇO



Hoje amanhecí nostálgica. Vai ver que é porque meu sol não apareceu, ou então ele não apareceu em respeito a meu momento de reflexão. Em seu lugar, núvens escuras e pesadas sobrevoam e povoam minha alma gelada pela saudade e pela ausência do sol.
Bem, pouco importa, o certo é que estou saudosa. O certo, ou incerto, é que estou com uma dor sem sentido no peito, uma apnéia desmedida e vem-me a vontade de me encolher, de me virar feto, de procurar abrigo em braços fortes e amigos. É como se fosse um prenúncio, aguardo do que virá, como se não bastasse a carga de saudade que carrego dentro de mim. Passaria horas discorrendo sobre essas perdas, uma delas, irreparável, inesplicável, inesquecível.
Foram coisas, cantos, mas, essas,pouco doeram, mas, quando a perda foi humana, foi desumana, e, a situação mudou enormemente, tornou-se estratosférica. Perder vida, perder amor, me fez sair repartindo pela estrada da vida,pedaços de carne, de pele, pedaços de alma. Com o tempo fui encolhendo, encolhendo...Minha bagagem foi aumentando, minha esperança diminuindo, diminuindo... Acredito que chegará a hora que não suportarei o fardo e desistirei.
Será que hoje estou querendo desistir?
Que algum braço se apresente e me afague, me acarinhe, me proteja, me fala acreditar que a ausência do sol não é permanente, que ele voltará ainda a tempo de não me fazer tão triste, de não converter em lágrimas toda essa saudade que está explodindo em meu peito e que, como é líquida, descerá pelos meus olhos e me afogará...e, eu nem sei nadar...