Por Que Os Governos Não Cobram Impostos Da Venda Legal De Coca?
Milhares de jovens viciados, todos os dias estão à procura de drogas para satisfazerem suas necessidades de fuga da realidade, por vezes de alienação. Eles compram dos traficantes o que estes venderem. Toda espécie de mistura possível de degenerar o cérebro do consumidor: do bicarbonato de sódio, ao pó de giz, cal, anfetaminas, ao letal “mil gatos”.
É lógico: se a droga coca for discriminada a violência diminui, a curto prazo, 70%. Não serão mais necessários confrontos com polícia de modo tão amiúde. Com balas perdidas matando pessoas dentro de seus apartamentos.
Numa democracia se costuma fazer pesquisa para saber o que a população acredita ser melhor para ela. O voto do povo pelo sim ou pelo não, numa resolução popular, resolveria o problema democraticamente. Os figurões interessados na continuidade de uma criminalidade que só aumenta não querem a descriminalização.
Comprar armas e carros de patrulha é o mesmo que investir na ultrapassagem dos limites equivalentes à violência geopolítica no Oriente Médio, sem nenhum resultado positivo.
A ilegalidade das drogas favorece o enriquecimento da “elite” econômica que está por trás dos lucros da venda efetuada pela plebe. A violência que convive com as pessoas da sala de jantar, dentro e fora dela, todos os dias, disseminando a prática rotineira do pânico em sociedade.
Quem manda nessa sociedade são os chefões do crime organizado. Eles nunca são presos, exceto raramente. E quando suas demandas jurídicas chegam às ditas Supremas Cortes, eles ganham toda. Todas. Têm a autoridade do capital e andam de colarinho branco nas melhores festas, aquelas que costumam ser filmadas nos programas do Amauri Jr. e em seus imitadores locais.
Nos banquestes e comemorações governamentais quando não estão presentes, lá estão os seus prepostos. As personalidades em foco têm a grana para investir em empresas que lavam dinheiro e estão nos conformes da legalidade jurídica. Da quadrilha institucionalizada fazem parte advogados, juízes, desembargadores, parlamentares, entre outros autoridades.
A legalização da droga coca, teria como efeito uma pacificação dos ânimos em sociedade, que não mais haveria de suportar a quantidade tipo “over-dose” de violência e ultraviolência verificadas diariamente nos programas e jornais da tv.
A ansiedade e o medo das pessoas da sala de jantar tende a diminuir com a diminuição da guerra entre tráfico e polícias.
Quem vai preso é sempre o bandido de periculosidade relativa, desde que os que lhes fornecem a droga continuam com suas contas bancárias pessoais em alta, vivendo nos melhores apartamentos à beira-mar, faturando as melhores fêmeas da jurisdição (quando não são homossexuais), e aparecendo em programas de entrevistas como se fossem defensores intransigentes dos investimentos em segurança e na atualização bélica das polícias.
Essa guerra civil não declarada mata mais do que matou as guerras da Coréia, no Vietname, e os conflitos no Oriente Médio. O crime organizado comanda a parte podre da política, da polícia, das empresas e lugares públicos mais freqüentados, da “elite”, entre aspas.
A estimulação mental psicótica de drogas tipo cocaína, favorece àqueles que cheiram uma substância que lhes energiza os neurônios, as sinapses, e põem para funcionar a todo vapor, os neurotransmissores tipo serotonina, dopamina e noradrenalina.
As sensações criadas no cérebro ocorrem no local onde dois neurônios se encontram: as sinapses. Na droga ecstasy ela se instala na sinapse e bloqueia as moléculas de serotonina que, sem ela, seriam reabsorvidas.
Um neurônio libera algumas moléculas no neurotransmissor serotonina. Quando outro neurônio a absorve, surge a sensação de bem-estar. O efeito não permanece por muito tempo devido a reabsorção da serotonina pelo primeiro neurônio. Assim funciona a droga ecstasy.
Os efeitos são semelhantes aos da coca: dois ou três dias depois de ingeridos, ocorrem estados depressivos, por vezes intensos, gerados pela diminuição dos níveis de serotonina no cérebro. Nos Estados Unidos tem um nome: a terça-feira triste: Blue Tuesday.
Os grandes jornais deveriam concentrar-se mais intensamente no problema, não na suposta solução do mesmo: o aumento dos efetivos táticos militares para enfrentar os AR-15 dos exércitos de civis nas favelas das metrópoles.
Os yuppies, jovens profissionais urbanos do colarinho branco, ambiciosos e prósperos, consomem coca por necessidade de manterem o “State of Mind” do cérebro, com a ajuda dos “Psychos Motéis” que proliferam nas pequenas, médias e grandes cidades.
A tendência está generalizada. Aceita por grande parte da população jovem e adulta. O que falta para legalizar a droga coca, se ela é a causa e a conseqüência dos excessos virulentos, dramáticos, redundantes, da violência e da ansiedade, do pânico e do medo instalados como se fossem “chips” na mente dos consumidores.
Quem gosta, gosta, tem o direito de usar. As empresas tipo “Skol”, organizaram sua rave, um festival de música eletrônica denominado “Skol Beats”. Foram 48 horas de muita piração. Gessy Lever e Axe mandaram ver no excesso de psicodelismo em campanhas publicitárias que até outro dia estavam com suas imagens sugestivas na tv.
Villa-Lobos, o shopping inaugurado em abril em Sampa, possui uma ala exclusiva para as lojas plugadas na cultura clubber e o espaço hype. É possível que nas sacolas de compras de muitos jovens e adultos estejam contidos algum artigo de venda proibida, mas que faz parte do “know-how” de consumo dos shoppingmaníacos.
O “barato” pode ter um preço muito caro. A coca, com todas essas misturas pode provocar danos imediatos e ininterruptos no cérebro. Fosse liberada, poderia ser adquirida sem que as pessoas se arriscassem a serem exterminadas ao se aproximarem de uma boca quente de venda, num morro ou numa periferia. Mortas ou baleadas ao serem confundidas com policiais, ou mesmo servirem gratuitamente de alvo para os “vapores” que, muito loucos pelo consumo, querem treinar tiro ao alvo nos filhos da burguesia, ou exteriorizar violentamente sua paranóia marginal.
Os gastos com a demanda em efetivos policiais poderiam ser diminuídos em grande quantidade, e o dinheiro que sobrasse desse investimento sem finalidade social efetiva, poderia ter outra segmentação que não jogá-lo no lixo da aplicação de capitais do Estado em investimentos em suposta segurança policial.
Quem quiser consumir sua coca que se dirija à farmácia mais próxima e adquira um medicamento, ou uma droga, com um mínimo de qualidade. A disposição intelectual das pessoas que a consomem, estando ou não legalizada, é a mesma. A coisa que muda é a certeza de que estão consumindo um artigo fiscalizado pelas instituições governamentais que se capitalizariam com o pagamento de impostos pelos produtores.
E as pessoas que têm a liberdade de consumir a droga coca, teriam a certeza de que não “fariam a cabeça” com misturas que deterioram de maneira definitiva a capacidade de raciocínio, e tendem a transformar seus consumidores em animais que transam com mulheres que gostam de serem classificadas por “cachorras”, ou apelam para a violência excessiva, por vezes letal para seus pares nas transas nos “Psyco Motéis”.
Numa democracia o cidadão deve ter direito a fazer suas opções de consumo. E o consumo legalizado traz garantias que os usuários não têm quando se aventuram a se dirigirem a uma boca quente, seja num apartamento num bairro tipo Ininga e São Cristóvão, ou num Parque Piauí, num L. Parente, ou noutro subúrbio de igual periculosidade.
Lacan disse uma frase que cativa o espírito democrático neste contexto em pauta: “A realidade é para quem não tem forças para sonhar”. É preciso respeitar a cidadania das pessoas que não têm forças para sonhar. E as que têm essa força também devem ser respeitadas.
O fornecimento via automóvel, entrega em casa, “delivery”, também não é garantia de que o consumidor não vai ser perturbado futuramente pela polícia investigativa, ou pelo próprio traficante, cismado com uma possível deduragem. A paranóia de quem vende e consome não tem limites.
Por trás do traficante menor, há sempre um esquema jurídico de defesa que libera os “aviões” para pousar em qualquer lugar da cidade onde haja uma chamada via celular. E os celulares são facilmente detectáveis pelos departamentos de investigação policial.
Fica a sociedade toda refém da suposta guerra ao tráfico. Só quem ganha são os grandes traficantes que não são presos nem conduzidos aos tribunais. Os motivos de consumo são os mais diversos e devem ser respeitados pelo cidadão que gosta de consumir: incrementar o desejo sexual, ou curtir alguns momentos de euforia dos neurônios e sinapses na excitação cerebral da droga. É um direito a respeitar.
Ao legalizar a coca o Estado se capitaliza. Fornece ao consumidor um produto de melhor qualidade. Respeita seus direitos de consumo legal. Libera-o da ilegalidade, do medo, da ansiedade, do perigo de ter de adquirir a coca por meios que prejudicam emocionalmente seu direito constitucional inalienável de fazer suas escolhas de acordo com seu livre-arbítrio. Quem está por trás dos bastidores, lucrando excessivamente, sem pagar impostos, deteriorando o sistema nervoso central dos consumidores do asfalto, continuará a faturar uma grana preta, sem prejudicar seus consumidores. Todos ganham.
Quem quer que essa situação de pânico social, violência generalizada, perdure por mais tempo? Quem ganha com ela? Os fabricantes e passadores internacionais de armas, e da coca que será misturada a todo tipo de imundície que beneficia o repasse dos traficantes pé de chinelo que não têm o menor respeito pelo consumidor.
A escolha e o livre arbítrio deveriam ser apresentados politicamente por representantes das classes sociais interessadas em serenar os ânimos da sociedade. Os políticos poderiam diminuir a ansiedade e o pânico, e sentirem-se menos apreensivos, menos hipócritas. Mais responsáveis com a cidadania da população que representam.
Enquanto isso fica a sociedade toda refém do tráfico.
Os terroristas responsáveis pelo horror que derrubou as torres do World Trade Center, por certo estavam todos muito “calibrados” com doses extras de uma coca incrementada com outros componentes estimulantes da loucura que consumou a tragédia das torres gêmeas. Até do ponto de vista do controle de consumo, a legalização da coca é por demais positiva para toda a sociedade.
Falta apenas vontade política para diminuir os índices sociais alarmantes do terror armado da violência urbana. E os que hoje faturam com ele, não vão perder nada. Nem o desemprego vai aumentar com a discriminação da coca. Muito pelo contrário. Excluir da criminalidade exércitos de marginais, é a atitude mais coerente com a diminuição da violência e da ultraviolência vigentes nas metrópoles e cidades menores em todo o país. A guerra ao tráfico estaria finda. Os ânimos pacificados. Os governos supercapitalizados em impostos. A quem não interessa essa solução?