São Paulo, CO2, CO2 S/A (Homenagem A Seus 450 Anos)
Por sob a máscara da quantidade, da fartura, da riqueza, da maior contribuição ao PIB da América do Sul, está a superpoluição visual, auditiva, olfativa, o superpovoamento, o desemprego, o subemprego, famílias morando debaixo dos viadutos infectos, o medo por trás dos vidros dos carros levantados nos semáforos.
Os assaltos, homicídios, a corrupção policial, os seqüestros, a superviolência, a prostituição infantil, o narcotráfico, o transporte público ultradeficiente, a saúde e a educação sucateando o presente e o futuro das pessoas. O porvir de uma geração sendo jogada na lata de lixo por aqueles que fazem uma história, como diriam Caetano e Gil, dos podres poderes tirânicos, sem dignidade pessoal ou social: Um “Haiti”, ou o Bóris Kasoy no Jornal da Record: “Uma vergonha”.
A megapoluição dos costumes, o preconceito mal disfarçado exercido diariamente e em todos os lugares, contra nordestinos, negros, descendentes orientais, homossexuais, imigrantes latino-americanos, e até contra seus vizinhos do Rio de Janeiro.
O paulista típico é um megalomaníaco por natureza. Acha-se pessoalmente superior a outros indivíduos de outras cidades e estados brasileiros, a partir de uma referência impessoal, a grandeza da economia do Estado, como se ele, paulista (paulistano), representasse a metrópole de cimento armado, seu frenesi e suas obsessões.
As instituições literárias, geridas pela vileza dos interesses mais obscuros do capitalismo cromagnon, têm por característica, a promiscuidade intencional perversa e pervertida por uma mediocridade intelectual impossível de esconder-se por detrás de personalidades supostamente “educadas”, bem vestidas, bem programadas, bem cheiradas e bem comidas nos “psycho motéis” e nos restaurantes festivos da moda.
Essas personalidades que regem suas instituições literárias, têm por intuito apenas a conservação de mordomias, o estabelecimento e a conservação, como diria Antônio Cândido, do academismo cosmopolita, diletante e pós-naturalista: a mentalidade burocrática empenhadas apenas na conservação de formas cada vez mais sem conteúdo, que, na sua superficialidade, conquistaram o gosto médio, que até hoje representa, para aqueles burocratas das instituições literárias, a boa forma acadêmica.
Defendem uma literatura para a qual o mundo exterior existe apenas no sentido mais banal e literal da palavra oficializada. Não têm nenhuma sensibilidade na defesa das novas condições em que os novos autores sobrevivem e criam (apesar deles) uma nova literatura, fora da gratuidade e do solipsismo fanático de seus egos inchados nos tapetões da reverência àqueles que os mantêm como cães de guarda que impedem a criação literária de renovar-se.
Eles desejam manter a criação literária enquanto ornamento da herança cultural que conserva suas mordomias políticas ornamentais. Por trás deles estão os capitães e coronéis da cultura literária tradicional. Por trás deles está o capitalismo cromagnon, agindo em defesa de seus interesses pessoais e sociais inconfessáveis. Os clubes literários paulistanos estão cheios de medíocres de carteirinha. Geridos que são por pavões supostamente bem nascidos na terra dos Bandeirantes da Opressão, dos preconceitos atávicos, das vanguardas do atraso mental, intelectual e cultural.
A “Paulicéia Desvairada Faz 450 Anos”, como diria seu mais ilustre erudito, o escritor modernista Mário de Andrade. São Paulo, CO2, CO2, fábrica nacional de Macunaímas do colarinho branco, irresponsáveis por uma política dos direitos humanos atroz, alheia a qualquer sentimento de humanidade.
São Paulo, CO2, CO2, cidade detentora de uma tecnocracia absolutamente atada a uma ordem e a um progresso que oprimem todos os dias seus cidadãos sem cidadania. Capital nacional de todo modelo de degenerescência e degradação. Nos bastidores das estatísticas da riqueza material, dos saltos “pra frente Brasil” das Bolsas, convivendo com o horror das crianças de rua diariamente assassinadas, prostituídas, degradadas, usadas e abusadas por membros oficiais das forças públicas que deveriam protegê-las.
São Paulo, CO2, CO2, cidade sinônimo da expansão da metástase intencional dos dogmas do capitalismo cromagnon. São Paulo, CO2, CO2, das milhares de pessoas que se enganam todos os dias, correndo atrás da ficção do dinheiro a qualquer preço, sempre insuficiente para cobrir a quantidade fantasmagótica de sapos que cada cidadão tem que engolir para ter direito ao emprego do salário mínimo da cesta básica. São Paulo, CO2, CO2, terra da garoa infectada por todo tipo de dejetos urbanos, de eletrodomésticos expostos nas ruas e calçadas após as chuvas das tradicionais enchentes.
São Paulo, CO2, CO2, das crianças que até outro dia nasciam sem cérebro antes de uma única oportunidade de abrirem os olhos recém-nascidos na cartilha do ABC. São Paulo, CO2, CO2, metáfora da megacorrupção dos costumes políticos, das instituições, inclusive as culturais, geridas pelo que há de pior e mais degradante em matéria de suposta intelectualidade.
Capital das mais dantescas vaidades (o “rei Mulatinho”, ou o “turco que asfaltou a ponte aérea Rio-São Paulo” p. ex.), do vazio da criação literária que não pode fluir em meio ao policiamento maligno, “full-time”, da criatividade, pelos tutores da cultura travada pela necessidade de sobrevivência. São Paulo, CO2, CO2, cidade ganância dos imigrantes europeus famélicos, querendo vingarem-se de uma pobreza atávica, essencial, tirando o máximo proveito possível da pobreza material de migrantes norte-nordestinos, humilhando-os com uma postura de pretensa superioridade cultural.
Cidade que vive da corrupção das vontades, que suga com toda crueldade as melhores aspirações pessoais e coletivas, lançando-as na carência perene da mais elementar ética. São Paulo, CO2, CO2, dos milhões de indivíduos que fazem de conta, todos os dias, todo fim de expediente, que vão participar de eventos designados “happy hour” nos bares cheios de pessoas profundamente tristes e frustradas (“os bares estão cheios de homens vazios”, como diria Vinícius de Moraes), mas com a obrigação de reciclar o sorriso dissimulado e contraído, nos ambientes mentais fétidos de idéias mesquinhas, cervejas, biritas e cigarros.
Cidade psicose, sede nacional de tudo quanto é máfia européia, que abriga e estabelece uma plêiade de psicopatas da nova geração de mafiosos, que chegam e se estabelecem em território nacional com a única finalidade de angariar fortunas a qualquer preço, co-gerindo, com a conivência de grande parte de membros dos três poderes (leia Morcego Negro, do jornalista Lucas Figueiredo, da Folha), os destinos de uma decadência mental, física, cultural e social que não interessa, realmente, nem à inteligência, e muito menos à Segurança Nacional.
Na obra literária de Lucas Figueiredo estão descritos o “know-how”, os esquemas e estratégias de domínio social da muitas vezes centenária Máfia. Seus membros classificam o Brasil como o paraíso tropical para toda organização que difunde o crime organizado.
São uma espécie de Dragões da Dependência aos Psicotrópicos, da ganância, da usura, da decadência social. As autoridades dos três poderes devem ao país respeito elementar ao texto constitucional. Ao contrário, escancararam as porteiras da sociedade brasileira aos criminosos internacionais do capitalismo cromagnon. Ao contrário de investirem em saúde, educação, habitação, transporte, segurança, querem querem pagar os bilhões da dívida atual da Rede Globo. São Paulo, CO2, CO2, Psycocity, paradigma da nacionalidade, signo do medo e da insegurança públicas.
O império romano do ocidente extingui-se pela inaptidão de autogerir-se. O país ancorou no porto inseguro do desgoverno do “rei Mulatinho”. Ele fundeou na desesperança toda uma geração proibida de saber que existem valores éticos elementares, a partir dos quais a vida se justifica, pelos quais vale a pena lutar. O ex-presidente sociólogo se notabilizou nacional e internacionalmente pelo comando, entre outras, da operação abafa CPI no Legislativo.
Elegeu-se com um discurso (os dedos da mão abertos em cinco promessas básicas de campanha), e governou com a contradição (como ele é “dialético”) do mesmo. Notabilizou-se também por afirmar que as pessoas deveriam esquecer tudo que ele disse ou escreveu, como sociólogo, antes de ser eleito. Foi um títere vaidoso do poder.
Seu cinismo era simplesmente desvairado. Não se respeitava nem ao cargo que exercia, e muito menos os eleitores. Afirmava coisas de noite para a mídia, e, de manhã, fazia o contrário no Alvorada. A exemplo de quando, entrevistado pelos canais da tv, para os jornais noturnos afirmou que tomaria providências contra as remessas imensas de dinheiro que descapitalizavam (sangravam) a economia nacional.
De noite, pousava para as câmeras dos jornais tvvisivos dizendo que apoiava a CPI das remessas de dinheiro que investigaria as transações bancárias do narcotráfico. Pela manhã do dia seguinte, reunia-se com as lideranças políticas de seu desgoverno e orientava-as a votar contra a CPI que investigaria a lavagem de dinheiro do narcotráfico.
Para ele, investir no social significava aparecer na coluna social do Zózimo pelo menos duas vezes por semana, como divulgou o cartunista Nani na Tribuna da Imprensa, e muitos cronistas que fazem o melhor jornalismo do país.
O “Reich dos Mil Anos” está em andamento. Globalizado. A única esperança para parar o “Reich dos Mil Banqueiros” neste país, pode ser considerada passada. Era o partido da esperança que venceu o medo. Porém esse partido entrou numa espiral irreversível de corrupção. Seu presidente analfabeto, do alto de seu trono no Planalto, forneceu apoio incondicional a tudo quanto foi parlamentar corrupto, “como nunca se vil antes neste país”.
O apoio do presidente do Palácio do PC ao oligarca presidente da Casa Grande Senado, permitiu ao mesmo permanecer no cargo, humilhando de maneira excessivamente sádica, os brasileiros que, através das mídias e do canal da TV Senado, presenciaram uma série interminável de eventos manipulados por José Romão Sarney (atos secretos e nepotismo) “como nunca se vil antes neste país”.
O ESTADO DE SÃO PAULO está, hoje (08/04/10) há 251 dias sob censura por obra e graça do filho mais velho de José Romão Sarney. E o presidente analfabeto continua emitindo opiniões que mostram o grau de comprometimento de seu governo com a censura à imprensa.
Ao se comemorar o aniversário de alguém ou de uma cidade, costuma-se enaltecer de maneira por vezes exagerada, as supostas virtudes do aniversariante ou as benesses da cidade em pauta. São Paulo é por demais forte e pujante, altiva e exuberante em seus índices de conquistas econômicas e sociais. Não precisa da redundância de elogios, louvores e panegíricos.
Uma boa dose de auto-crítica de seus governantes poderá melhorar em pouco tempo o padrão de qualidade dos serviços governamentais que carecem, urgente, de uma intervenção administrativa, principalmente na área do ensino fundamental e médio, como se os políticos precisassem do analfabetismo para garantir os votos de seus eleitores.