O MEU RIO DE JANEIRO
 

Não consigo escrever nada. Não consigo fazer nada, nem pensar.
Nossa Senhora! Protegei-nos a todos.
 Meu Deus! Cuidai do Rio e do Brasil.
Uma chuva de 288 mm em menos de 24 horas caiu sobre o Rio de Janeiro, sem parar.
A terra querida ficou encharcada, as ruas alagadas de águas no nível do mar.
A água barrenta oriunda do maciço da Tijuca adentrou a água azul do mar. Impressionante ver!
 O Rio de Janeiro ficou todo machucado!
A terra desbarrancada é triste de olhar.
A terra que ficou na encosta nua, vai escorrendo devagar sob nossos olhos.
Mostra que está desagregada, está solta. Tudo vai se soltar.

 
A rua abaixo está encoberta de terra impedindo de passar.
E sob a terra há lama, entulho, casas e corpos soterrados.
Em vários lugares houve desmoronamentos. Comunidades. É dito que o Estado perdeu cerca de duzentas pessoas. Até famílias inteiras soterradas.
Um horror e dor. Evidenciando aos nossos olhos e coração que vão também desabar.
A tristeza. O perigo não terminou muitas casas à beira do barranco e pessoas dentro, em expectativas, não saem.
“uma mãe diz; três filhas foram levadas; uma de três anos foi resgatada e as três outras já mortas sob a...” e não consegue mais nada dizer.
“... um marido conseguiu puxar a mulher que estava presa até a cintura na terra...”

O Jardim Botânico

O Maracanã
Tudo que ocorre é tão próximo, que o sentimento em todos é semelhante. Um sofrimento pessoal e geral é sentido numa solidariedade de irmãos. Triste quando se verifica que a pessoa resgatada já não tem mais vida. Comovente esperança quando se resgata um corpo com vida. É dita que há mais de dez mil desabrigados. Niterói está muito castigada, o sofrimento é enorme. Uma situação muito grave.
Alguém disse: _” a vida perdida não se constrói mais”. Muita dor e horror. Mas desta tragédia de muita lição, pode-se aprender o que se constrói. Não se pode perder a esperança.