Os Cabelos do Meu Filho
A vida tem maravilhosamente algo que não alcanço jamais, um dom tipo arco-íris, que você vê e não toca! Explico-me: Meu filho Gutembergue, hoje com 24 anos, veio em minha casa e como sempre quando vem (não vivo com ele), chega com suas pressupostas certezas, suas atualizações, que em minha cabeça de 62 levo um tempo para digerir. Fala rápido, não admite minha falta de auximônia, o que me faz andar no entendimento bem mais lento. Velo em seu olhar sua impaciência, seu desconforto com minha lentidão. Conversas se perdem, ele anda para lá e para cá dentro da casa. Almoça e se descomposta em cima do sofá. A tarde se passa e eu o miro com ar de dor e culpa pelo abismo. De repente algo se quebra em minhas idiotas penas de mim mesmo e me aproximo dele. Ainda está deitado, longe em seus confessos. Toco-lhe meio sem graça seus cabelos. Deus meu! São ainda os cabelos do meu nenê, a mesma suavidade, a mesma delícia! Ele estremece docemente e afunda a cabeça no peito. Digo-lhe: Oi filho, está tudo bem? Responde: - Sim pai! – Que bom!(sussurro). Papai está sempre aqui, viu? – Eu sei pai, você está sempre presente! Ele então silenciosamente se veste de criança por um longo segundo. Matamos as saudades e o tempo vomitou de volta nosso tempo que ele tinha impiedosamente comido. Palavras adormeceram para que nossos corações se tocassem... Um arco-íris entrou lá em casa às 0600 hs. da tarde!