TREM BALA

Estava pensando como é gostoso andar de trem. A estação da minha terra era bonita, agora está abandonada, toda estragada. Por aqui só passam trens de carga, andando devagarinho e fazendo um barulhão. É aço e minério de ferro pra lá e pra cá.

Quando eu era pequena o trem passava ao lado de casa, lá na fazenda. Ele vinha apitando e as crianças corriam para ver os vagões que pareciam não ter fim. Das janelinhas passageiros olhavam e nós adorávamos dar adeuzinho. E eu ficava só imaginando, para onde será que vai toda essa gente?...

Depois aprendi que o trem ia para o Rio de Janeiro. E outro voltava, parando em quase todas as cidades pelo caminho até São Paulo. Tinha também o noturno, chamado Trem de Prata.

As viagens, entretanto, eram muito demoradas. O diurno saía de SP às oito da manhã e chegava no Rio às seis da tarde. O outro partia às oito da noite e chegava às seis da manhã...

Tenho inveja de lugares onde o trem transporta passageiros e está sempre modernizado. Mas nem precisava ser o tal Bala. Se tivéssemos um, qualquer um que não fosse do tempo do onça e andasse a uns setenta quilômetros por hora, certamente chegaríamos ao destino mais rápido do que viajando de carro por estradas congestionadas.