Impressão digital

A cada dia uma parte de mim sente que está morrendo. O que antes parecia ser necessário, tendencioso ao quesito da essencialidade , hoje já não me importa mais.

A cada dia uma parte de mim sente-se mais viva, renovada. Embora isso pareça contraditório, dentro de mim se chocam vidas e mortes - que se completam.

Conforme amadurecemos parte de nós sente-se transformar - transformação necessária , pois a vida nos exige isso. No entanto, fico a me questionar: e a essência, seria a mesma? Os medos, os anseios, as expectativas... mudam, transforma-se ou se escondem? Mergulham no nosso inconsciente e batem à porta de nossa consciência todas as vezes que tentamos nos arriscar, sonhar, prever?

Este é meu último ano num dos primeiros cursos que ambicionei fazer, outros estão por vir, desejos hão de mudar. Outro dia um amigo me disse que todos mudamos muito durante estes 5 anos que estivemos juntos. Crescemos, fizemos opções, no decepcionamos, inovamos, seguimos o rumo complexo imposto pela vida, cada um sustentando e enfrentando, da forma que aprendeu, os medos, os obstáculos. No entanto, em determinado momento, ele me afirmou que daqui a 10 anos, quando tornássemos a nos ver nos reconheceríamos pela nossa essência. Nesse decurso muito irá acontecer e nossas escolhas poderão se perder ou nossos conceitos mudar. A vida nos prega peça e exige que nos adaptemos ao papel que nos é imposto. O que prevalece é a impressão digital da alma.

Fiquei durante longo tempo pensando nisso... e dentro de mim as mesmas "mortes" e "vidas" continuavam a explodir. No entanto, percebi que mesmo que eu tente mudar, tente agir e pensar de forma contrária a qual estou acostumada, ainda assim ela permanece lá... inatingível, imponente.

Todos estamos fadados a conviver com nossa essência, seja ela produto do meio em que vivemos, do modo como fomos criados ou da personalidade que adquirimos. Podemos, de certa forma, representarmos um papel que não condiz com o que somos, mas não podemos fugir da imagem a qual nos relacionamos. Por mais que se deseje abandoná-la, ela sempre estará lá para nos lembrar de que somos seres únicos, dotados de impressões digitais que se diferem até mesmo na alma.

Confesso a vocês que diante de tantas idas e vindas já não sei mais lhes dizer quem eu sou. Talvez algum de vocês possa me cientificar do papel que represento ou me apontar sem medo de errar o que vive e morre em mim. Quero saber quem sou ou o que sinto, pois há tempos encontro-me anestesiada. Na realidade, eu sinto que cada dia eu morro para viver e vivo para morrer de forma que em determinado momento meu inconsciente me cientifique do que realmente estou fadada a ser...