CRÔNICA PARA UM AMOR SEM AMANHÃ
Seria um final de semana como outro qualquer. Passeios, restaurante, teatro. Acordaram tarde e preguiçosos. O tempo havia mudado e a chuva tirou o ânimo de saírem. Ela foi para a cozinha preparar o único prato digno de ser saboreado pelo raso talento culinário: "spaghetti al dente".
Naquele domingo, durante o jantar, abriram uma garrafa de vinho tinto italiano. Ela deveria ter desconfiado que algo não ia bem ao ler o nome da bebida: "Corvo". Entretanto, a cor intensa, o aroma e o gosto seco e ligeiramente ácido agradaram seu paladar.
Após o jantar restava ainda o último brinde e ela pensou numa épica declaração de amor. Provavelmente, relaxada pelo vinho, discursou de forma piegas e antes de tocar sua taça na dele, repetiu como uma heroína canastrona de um filme sem graça e descartável da memória:
- Que nosso amor vença sempre.
Relações estáveis e longas passam por períodos de crise. Superações, altos e baixos. Entretanto para ele não havia nada mais a ser superado. Então, selou o discurso, ao contrário dela, telegráfico:
- Nosso casamento acabou.
Como dizem os romanos: "no vinho a verdade". E neste caso, a verdade de cada um. O amor em um dos lados da balança permanecia em cotação alta, mas do outro havia ficado barato demais e entrou em liquidação dez dias antes de completarem mais um aniversário de casamento!
Não. O amor não é uma bolsa de mercadorias, mas pode ter ou não futuro.
(*) IMAGEM: Google
http://www.dolcevita.prosaeverso.net
Seria um final de semana como outro qualquer. Passeios, restaurante, teatro. Acordaram tarde e preguiçosos. O tempo havia mudado e a chuva tirou o ânimo de saírem. Ela foi para a cozinha preparar o único prato digno de ser saboreado pelo raso talento culinário: "spaghetti al dente".
Naquele domingo, durante o jantar, abriram uma garrafa de vinho tinto italiano. Ela deveria ter desconfiado que algo não ia bem ao ler o nome da bebida: "Corvo". Entretanto, a cor intensa, o aroma e o gosto seco e ligeiramente ácido agradaram seu paladar.
Após o jantar restava ainda o último brinde e ela pensou numa épica declaração de amor. Provavelmente, relaxada pelo vinho, discursou de forma piegas e antes de tocar sua taça na dele, repetiu como uma heroína canastrona de um filme sem graça e descartável da memória:
- Que nosso amor vença sempre.
Relações estáveis e longas passam por períodos de crise. Superações, altos e baixos. Entretanto para ele não havia nada mais a ser superado. Então, selou o discurso, ao contrário dela, telegráfico:
- Nosso casamento acabou.
Como dizem os romanos: "no vinho a verdade". E neste caso, a verdade de cada um. O amor em um dos lados da balança permanecia em cotação alta, mas do outro havia ficado barato demais e entrou em liquidação dez dias antes de completarem mais um aniversário de casamento!
Não. O amor não é uma bolsa de mercadorias, mas pode ter ou não futuro.
(*) IMAGEM: Google
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