Descaso na Biblioteca (Finalmente (talvez, espero!) uma crônica!)
Precisei de um livro e fui a uma determinada biblioteca em minha cidade. Felizmente temos algumas boas bibliotecas aqui. Mas esta parece estar determinada apenas a enlouquecer o visitante pesquisador. Livros mal conservados, poucos exemplares, gêneros misturados, prateleiras apertadas, mofo e tudo o mais de ruim que uma biblioteca possa ter. Este é um problema de muitas bibliotecas (quando existem) em todo o país e é lamentável.
Mas o que é de pasmar é que esta é uma biblioteca de universidade! Dizer qual delas é dispensável, pois não vale a visita de ninguém. Exceto, talvez, do Ministério da Educação ou do Ministério Público, mas isso eu duvido.
Voltando à minha visita. Enquanto eu me esgueirava entre as prateleiras tentando continuar respirando e não espirrar tanto, deparei-me com uns títulos de autores da Região, que conheci recentemente.
Quando fui questionar o “bibliotecário” sobre o fato de aqueles livros (novinhos, nunca lidos, porque na ficha de marcação de leitura não tinha nada escrito) estarem ali na última prateleira, da última estante, no último metro quadrado da tal “pretendo-ser-uma-biblioteca”, ele me disse, surpreso:
_Ah, esse autor é daqui? Então devia estar nos autores regionais!
Detalhe importante: Não há no local uma prateleira para autores regionais. E por saber disso minha indignação cresceu tanto, mas tanto que pouco faltou para eu bater com o grosso volume de Pablo Neruda que eu tinha na mão na cabeça dele. (e só lamentaria por Neruda!) Devo dizer que sou radicalmente contra toda forma de violência, mas num caso desses dá vontade de abrir uma exceção! (Brincadeirinha!) É evidente que a culpa não é só dele, mas de toda uma cúpula “não-estou-nem-aí-para-a-educação” que adoece o país. Aquela criatura além de não atender bem, nem fazer minimamente o seu trabalho de cuidar do patrimônio cultural local estava ultrajando a memória de autores que lutaram contra todas as adversidades imagináveis para publicar um livro num país que, nem preciso dizer, não valoriza o livro nem o escritor.
Não deixei por menos. Como boa sertaneja e amante dos livros que sou, fiz um discurso inflamado (porém educado, se é que isso é possível) de modo que ele nunca mais vai ignorar, esconder ou usurpar os nossos heróis sem medalhas da literatura local.