Entre mim e a crônica - um abismo! II
Ainda estou às voltas com a crônica, o gênero impossível. Como já sabe (se leu a minha primeira tentativa), esta é a segunda. Minha meta é fazer uma crônica que uma determinada pessoa (que estou pensando agora, mas não direi o nome nem que cortem minha mão direita, a mais teimosa), diga que eu finalmente aprendi a fazer uma crônica, não agradável, nem razoável, nem mesmo interessante, mas boa, BOA! Fico feliz com BOA. Excelente é só para Luis Fernando Veríssimo e alguns amigos que publicam no Recanto das Letras umas crônicas que me deixam vermelha de vergonha por estar escrevendo estes “rabiscos de criança”.
Tem nada não. Como dizia Manoel de Barros, “Meu fado é de não entender quase tudo. Sobre o nada eu tenho profundidades”. E eu vou mais longe. Gostaria de saber metade do “nada” que ele sabe. E sabe no presente do indicativo, repito. O pior é que nem posso usar a desculpa da pouca idade, pois já tenho vinte e ... ( que importa! ) Isto não é a certidão de nascimento de uma cronista! Quem dera fosse! Isso me fez lembrar de uma profecia que foi escrita na areia e veio a onda e apagou.
Ah, deixa eu te contar a última! Para aumentar o meu desespero “não-sei-fazer-uma-crônica”, acabei de ler uma de Luis Fernando Veríssimo, “Teia”, que fala sobre... Evidentemente, não vou contar a história aqui e você já deve ter lido. Sei que é uma pessoa de bom gosto e corajosa. E como sei? Tem bom gosto porque veio ler o que pensava ser uma crônica, e só gosta de crônicas quem tem bom gosto. (O que não quer dizer que quem não gosta de crônicas não tenha bom gosto. Olha lá!) E é corajoso porque está lendo um texto “pretendo-ser-uma-crônica” de alguém que você não conhece e arriscando assim o seu precioso e, suponho, corrido, apertado, tempo livre.
Para não ser um desperdício total tenho dois consolos para você. No final você poderá dar aquele risinho:
_Olha só, ela nem sabe como se faz!
_Eu faria melhor!
Dirá aquela pessoa que você chamou para ver a “palhaçada” e que, como eu, não sabe bulhufas do gênero. Mas como você é gente boa, terá um pouco de compaixão e vai dizer:
_Quem sabe um dia ela aprende! Parece ser esforçada. Vamos ver o que acontece na terceira tentativa.
Ai meus sais minerais! Gostaria de ver essa sua cara de compaixão-prazer sarcástico-expectativa agora!
Sou uma pessoa persistente. Mas se tudo o que eu fizer para aprender a fazer uma BOA crônica não der certo, tomarei uma atitude drástica: Vou-me embora para Pasárgada! Lá, com certeza, saberei fazer uma boa crônica!
Vou parar antes que você se chateie e nunca mais volte.
Agora tchau e vá ler uma crônica de respeito em outro lugar para tirar o gosto ruim da boca. Sugiro uma de Tânia Meneses.
Eu? Vou voltar a ler Luis Fernando Veríssimo.