PARTIRAM COM O TEMPO

De zelar por tí, o amor cansou

Arrumou as malas e disse adeus

Porem, cuidadoso na essência como é

Para que não deixasse desamparado

O coração que até então fora sua morada

Recorreu a outro sentimento para que

Preenchesse seu lugar

Primeiro falou com a culpa

Essa já se eximindo a responsabilidade

Declarou que ficaria pouco tempo

Posto que o amor habitara aquele coração

De forma intensa e inconseqüente

E a sua estada provocaria seqüelas passionais

Neste momento passando pela consciência

E abandonando o coração de outrem

Chega a saudade, que de imediato pede abrigo

Mas esta, que pela sua pouca bagagem

Já denuncia também a estada curta

Diz que a demora é pouca, destacando o fato

De que quando o amor resolve partir

O vazio que ele deixa é maior

Do que a saudade é capaz de preencher

Tendo dito isso, fica o amor mesmo que

No momento de partida a refletir

Como será o futuro deste coração?

Questiona o mais sublime dos sentimentos

Sem achar resposta, protela a sua partida

Mas o tempo, esse que não é sentimento

Assume a responsabilidade sobre

A contenda residente neste coração

E esse sim, age de forma silenciosa

Sem que nenhum dos sentimentos

Coadjuvantes neste fato

Atentem diante dos seus atos

Silencioso e sábio com lhe é peculiar

Sem que percebam o movimentar do seu tear

Acariciando um por vez

Trabalha o fim.

Adormece o amor para que ele não

Dificulte a sua própria partida

Diz à culpa que ela não é mais

Relevante neste caso

Fragmenta a saudade dia após dia

E sem que ela perceba, é desintegrada

Alegou o tempo que a saudade seria

Uma ponte de ligação entre os corações

Que o amor através da recaída

Utilizaria num momento de fraqueza física

E por fim, depois de muito agir

E ainda que não pertença

A condição de sentimento

O tempo dá por finalizado o processo

E se acha no direito de ausentar-se

Desta historia, alegando que

Como trabalhou em silencio

E obteve o resultado esperado

Acha-se no direito de encerrar o fato

E se vai!

Leva contigo o amor, a culpa e a saudade

Procuro às vezes encontrar

Através das lembranças

Algum fragmento de um dos sentimentos

Um ao menos que fosse

Mas as lembranças me dizem que

Todos partiram com o tempo

E o coração?

Esse já não mais sente-se infeliz.

O que outrora ocupara o seu espaço

Imenso, caloroso e afável

Hoje reside em um novo endereço

Chamado passado.

Echel Noluse
Enviado por Echel Noluse em 06/04/2010
Reeditado em 06/04/2010
Código do texto: T2180197
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