FUTURISTA POR ACASO

Mamãe, além de intelectualizada, era do tipo esportivo. Dizia que na juventude tinha jogado basquete e também aprendido um pouco de tênis. Gostava de nadar, até em idade já avançada entrava na piscina e dava umas braçadas. O nado clássico era seu preferido. Foi ela quem ensinou os filhos a nadar, segurando-nos por aquela bóia de cortiça que usávamos em volta da cintura. Pegava a bóia cada vez mais de leve e uma hora soltava. Sem que percebêssemos, seguíamos nadando... quer dizer, capengando, batendo bracinhos e pernas, lutando para não engolir água.

Ela gostava de ginástica com flexões e alongamentos, mais suaves do que as aeróbicas de hoje. E também de caminhadas vigorosas. E fazia isso sobretudo na praia, o que nos deixava mortos de vergonha quando mocinhos. Dizia que naquele ar puro é que fazia bem.

Não havia muita gente nos lugares que freqüentávamos, Ubatuba ainda não era conhecida do grande público. Mesmo assim, ficávamos embaraçados. Que coisa esquisita! Ninguém imaginava que isto viria a ser moda um dia...

Mas dona Laura aproveitou. Foi futurista!