Beira dos sonhos beirados
Ultimamemente tenho tido sonhos insistentes com a Xuxa. Ela aparece desconexa e ruidosa me oferecendo segredos e doces - culpo minha infância na frente da TV, e claro culpo um complexo edipiano distorcido (só para soar refletido). Sinto uma inveja no sonho porque ela sempre traz a Sasha e um dia a menina me disse que estava cansada da mãe procurar por duendes no quintal da casa. E como sabemos ela ainda não deve ter procurado em todos os lugares. Um dia desses me peguei curioso por saber se o Saffir não ia aparecer também e me senti um tolo porque afinal nem TV eu assistia mais, já estava completamente fora do universo infantil - até acho que saí cedo - e a soberana Xuxa ainda abrigava meu imaginário. Os sonhos dispertaram minha antiga vontade de ser famoso, conhecido, adorado ou de, pelo menos, ter algum amigo que fosse só para me aproximar mais desse mundo paralelo. Mas certo como estava o comercial do guaraná antártica (se não me engando) que dizia para pedirmos direito, acabei conquistando de forma, assim, pouco convencional, o que havia pedido. Foi numa dessas noites de festa em SP perto da Paulista que fui a um determinado lugar "caçar" (que meus alunos não leiam isso, mas tudo mundo precisa de uns romances de vez em quando) e como sou tímido, na maioria das vezes me saio mal e acabo "saindo" sozinho mesmo. Nessa noite, havia alguém lá que poderia fazer meus já citados sonhos reais - não era a Xuxa - na verdade, não era alguém que eu sequer conhecesse visualmente, mas já tinha ouvido muito a seu respeito. Era o Richarlyson, jogador do São Paulo - mas eu não sabia que era ele. Ele falou comigo, me elogiou - alguns diriam que tinha sido uma cantada o que ele disse para mim - mas eu vou, para o bem da torcida são paulina, dizer que ele estava sendo apenas simpático. E eu na minha timidez e, digamos assim, pouco interesse nele acabei apenas sendo gentil e me afastei. No final da festa - agora conversando com alguns amigos que fiz - todos comentavam como estava boa a reunião que fizeram e um momento fatal aconteceu: "É mesmo, até o Richarlyson veio". Embora eu não o conheça, já ouvi muito a seu respeito e quis confirmar de quem se tratava; era ele de fato, o cara que tinha se aproximado, me feito um agradável elogio e me possibilitou um acesso rápido ao mundo dos conhecidos. Mas eu não estava pronto para aquela possibilidade; acho que muitas vezes é isso que nos impede de conseguirmos coisas. Há possibilidades em todo o lugar de irmos em frente e conseguirmos nossos desejos, contudo, estamos desatentos, tímidos e desinformados. Só uma coisa me deixou em crise, se eu soubesse se tratar do Richarlyson... será que eu ia me submeter às suas empreitadas? Crise!