Ereção

Quem nunca teve uma ereção indesejada que levante (de onde estiver sentado!), descruze as pernas e saia caminhando tranquilamente! Essas coisas acontecem sempre em momentos atípicos, o que, paradoxalmente, os tornam momentos típicos.

Não tenho lá dos meus fetiches estravagantes, mas às vezes, quando se analisa criteriosamente as circunstâncias em que tais fenômenos (às vezes quase sobrenaturais) ocorrem, começa-se a pensar seriamente em procurar um auxílio psiquiátrico.

Por exemplo, em meio àquela chatisse de "logarítimo", 'hipotenusa" e "geometria euclidiana" não se pode encontrar material que facilite à ereção. Pelo contrário, acredito que os formalismos frios da matemática antes sirvam como um desistimulante que deveria ser usado em pedófilos e outros maníacos sexuais. Desses tais maníacos que se tem notícias, pouquíssimos sabiam calcular a área de qualquer figura geométrica, quiçá sabiam o clássico "2+2", o que pode vir à calhar como uma ilustração prática. Em certo sentido a ilustração foi bem infeliz, já que a associação feita pelo maníaco poderia ser tal que "2+2" seja igual a "uma certa posição que se encontra desde muito nos manuais de sexo orientais e ocidentais".

Em dias frios qualquer coisa se pode usar como objeto desejável, já que aquelas roupas pesadíssimas diminuem a saliência decorrente. Mas mesmo assim é possível notar, com um pouco de atenção, quando alguém está "sentindo na péle" tal acontecimento. Se, por exemplo, o rapaz começar a se mexer, como se estivesse em uma posição desconfortabilíssima, cruza e descruza as pernas, se recusa a sair andando, fala o mínimo que pode e, quando fala, emite uma outra voz que não a sua habitual. Bem, nesses casos pode-se estar quase que certo sobre " a pipoca estar estourando". Em casos de dúvida é melhor não titubear, não encare e, especialmente isso, jamais se aproxime muito. Os hominídeos nessa condição sentem-se, amiúde, vulneráveis e passam a agir irracionalmente e de modo mais ou menos agressivo. A reação, por sua vez, depende de muitos fatores: o local em que se está;as roupas que podem, ou não, omitir o ocorrido; o tamanho e a duração (estranha essa palavra nesse contexto) do evento...

Certamente que uma das piores é a que ocorre na casa da namorada, em uma das primeiras visitas feitas em um domingo, dia em que se reunem os mais variados ramos de parentes. É um domingo quente, todos vão pra piscina, exceto o sogro e alguns tios mais velhos que decidem ficar bebendo qualquer coisa, pois no fundo acham que isso(o banho de piscina) ou é coisa de pirralho ou de mulher. Você estava despreparado pra esse banho, então teve de pegar uma sunga emprestada do seu cunhado que usa uns 8 números a menos do que você. Está lá na boa e pensa: "Ainda bem que isso não aconteceu aqui e agora." Mas repentinamente a coisa toma forma, vida e adquire, paulatinamente (outra palavra estranha, pra dizer o mínimo, nesse contexto), vontade própria e não cessa. Bem, nesses casos só há uma saída: concentrar-se na barrigona do sogro, nas conversas das tias ou, o que é o mais eficaz de tudo, juntar isso tudo e imaginar as tias conversando, com a barriga e os hábitos do sogro. Bem, se nem isso funcionar ainda resta uma escolha: finja um afogamento e tenha um amigo enfermeiro que saiba dessas suas estranhezas, pois assim ele poderá dizer que é um efeito clássico de alguém que está por se afogar, já que isso, subconscientemente, sugeriria uma espécie de "ter em que se agarrar".

Gabriel Dietrich
Enviado por Gabriel Dietrich em 05/04/2010
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