PÓS-PÁSCOA

Ontem à noite, após uma infinidade de ovos, eu sequer podia ouvir a palavra chocolate.

Prometi, com toda a sinceridade: "Chocolates, nunca mais"!

Na cama, sonhos pesados, repetitivos; coelhos monstruosos, perseguições. Ovos e ovos. montanhas deles num mosáico de partículas ovais brancas e marrons. Um impregnante gosto de cacau, causando enjôo.

Acordando ao amanhecer considerei exagerada aquela promessa de "nunca mais". Dentro de um mes certamente haveria de passar o fastio.

De repente, eis-me, enquanto escrevo, deliciando-me com algumas sobras de ovos de ontem.