Um velho provérbio chinês

Quando chegamos aos quarenta anos queremos acreditar que a experiência reunida servirá de modelo para nossos filhos, netos e jovens. Ledo engano, ninguém nos ouve nós estamos ficando velhos e os jovens surdos, ou se recusam a nos escutar.

-“Não dê atenção, ele é um velho.”

Percebo que os únicos velhos que ainda são considerados são os chineses _Diz um velho provérbio chinês...

Agora, com mais de 60, todas minhas convicções deparam-se com moucos, sinto-me gritando num deserto, ou num mercado de peixe, onde meus ensinamentos se perdem numa Torre de Babel, de não sei quantos decibéis.

Por mais de uma vez pensei em contratar um chinês e creditar a ele meus pensamentos, sei que ele seria visto como o arauto da sabedoria e da paz, e eu apenas um preposto.

As mesmas palavras que o velho chinês emite são sábias: ainda que formuladas por mim, e se eu as emitisse, seriam blagues de um velho gagá. E olha que eu mesmo procuro jovens advogados, jovens médicos, jovens profissionais, atribuo a eles a posse de um saber renovado, atual. Como se a tecnologia só coubesse em cabeças jovens, como se o saber se recusasse a se alojar em cérebros com teia de aranha.

-Tá bom vovô, eu vou fazer exatamente como o senhor diz...isto me machuca, pois quem o diz pensa que eu acredito que serei atendido.

Está definido, tudo que eu disser creditarei a uma velho sábio chinês: Quem sai para a vingança, deve cavar antes duas covas; É melhor duas abelhas voando, do que uma presa à sua mão...

Viu? meus pensamentos serão incorporados pela sapiência chinesa, e com ela se mesclará de forma indivisível, indelével.

E se o ônus de arrastar um chinês, só para receber o crédito dos meus ditos se tornar muito pesado, posso me naturalizar ...chinês

Assinado: Sh(a)in

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 04/04/2010
Código do texto: T2177462
Classificação de conteúdo: seguro