Negócio safado de putanheiro afamado
Putaria também é cultura: em Portugal, putanheiro significa “homem de respeito que frequenta prostíbulos e consome prostitutas.” Aqui se diz de qualquer sujeito lúbrico que se entregue à libertinagem. Putaria não é só devassidão. O putanheiro no sentido literário (aí é de lascar!) é o cara que escreve contos humorísticos/libertinos/safados. Um desses caras é o meu compadre Rui Vieira, de Campina Grande, que escreveu e teve a coragem de assinar o livro “Baú de Putaria”.
Outro grande putanheiro é nosso confrade Erasmo Souto, um cara que não conheço pessoalmente, mas de quem já ouvi muito falar, de bem, que ele faz tempos saiu de Itabaiana, ninguém lembra mais de suas presepadas, só ele mesmo. E conta com a maior cara de pau nos seus livros divertidos. Li quase todos, só falta um, que ele está preparando para lançar fora, como uma flatulência apressada. O livro tem o título de “Senvéigonhice de Matuto”. Pela placa de entrada, já se vê que se trata da mais fina produção abordando o amor sexual das bestas e dos relinchadores humanos.
Esse livro, ao ser finalmente lançado, escandalizará a sociedade conservadora, descrevendo as aventuras sexuais e semibiográficas de uma jumenta e seu dono bem dotado de rola e mal dotado de massa cinzenta, entre outras peripécias descaradas nos reinos animal, vegetal, mineral e devassal.
O livro também traz dicas para mulheres segurarem seus maridos, pelos chifres ou pela manjuba, entre outras utilidades domésticas. Enfim, “Senvéigonhice de Matuto” promete o mundo e o fundo, acabando por dar só aquilo que tem. Esse discípulo de Bocage terá a petulância de voltar à sua terra natal, Itabaiana, para vender seu livro de putaria no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, aproveitando para inaugurar um retrato seu na biblioteca comunitária Arnaud Costa. Certamente ele dispõe de muito tempo livre, um belo gosto por perversões e a completa falta de qualquer senso de discrição. É um aposentado, saudoso de sua terra e das personagens imortais, cujas anedotas Erasmo conta com grande senso de humor.
Esta alta cultura estará à disposição dos itabaianenses talvez em maio, durante o aniversário da cidade. Enquanto isso, Erasmo Souto vai mandar alguns trechos do livro para eu colocar devargazinho (epa!) na Toca do Leão, só para assanhar os futuros leitores dessa celebração da vida. Mesmo sem saber ler nem escrever, Biu Penca Preta já encomendou dez exemplares para vender no mercado negro da Rua das Flores e adjacências.
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