NA ACEPÇÃO DA PALAVRA

Há poucos dias perdemos Armando Nogueira, um gênio do jornalismo esportivo, porém acima de tudo um reconhecido e reverenciado escritor, artista de ponta, que como ninguém sabia arquitetar sua arte escrita , na construção de textos em prosa e em verso.

E ouvindo a algumas de suas entrevistas conferidas à televisão, lá ouvi algo que muito me chamou a atenção.

Armando Nogueira numa daquelas oportunidades falava da estreita relação de dependência do escritor com a palavra, sentimento que precocemente se manifesta na ebulição da arte das letras.

E como sinto exatamente a tal dependência, aqui escrevo em homenagem, não apenas ao brilhantismo de Armando Nogueira,mas ao meu também sentimento de amor, melhor definindo, de paixão desmedida pela palavra em si, cuja verdadeira acepção é o foco contínuo de busca, da nossa expressão em verso e em prosa.

Descrevo e escrevo, portanto...na minha tela textual, com o pincel e com as cores das minhas palavras.

A escolha das palavras sempre nos é um árduo trabalho que demanda cuidadoso esforço.

Um simples deslize em falso e o dito ecoará uma voz muda.

Mil vezes um erro ortográfico a um mal posicionamneto denonativo ou conotativo na estrutura "psicosomática" dum texto.

É o que realmente sinto.

Nesse contexto, nós que escrevemos, literalmente vivemos de palavras...e vivemos "as" palavras!

O que nos leva a tão precocemente nos interrelacionar com palavras e delas depender como quem depende do ar que respira, é um enigma a ser desvendado.

O fato é que para quem escreve, palavras jamais são escolhidas ao léu!São seres preciosos, jóias raras!

Cada uma delas tem seu lugar garimpado e garantido, para que como um diamante depois de lapidado, exalem a luz da sua essência, nos obscuros flashes dos pensamentos e dos sentimentos.

Palavras são tochas, são faróis, são consciência aos inconscientes!

Palavras em si já são obras de arte.

São a existência de seres únicos, vivos, inigualáveis e insubstituíveis.

Têm voz própria e formato único para o tal próposito ao qual se destinam em determinada formatação escrita.

Na prosa são armas explícitas, embora às vezes escondidas, e no verso são vozes incontidas de flores nunca distraídas...

Seus lugares são cativos, embora palavras, como qualquer outro ser vivo, se transformem ao longo do tempo e do espaço, como argila amalgamada na mão de grandes escultores.

Porém , no contexto textual, depois que adquirem seu espaço se eternizam no tempo.

Não temos como não mais dizer o que por elas já foi dito...e selado nas letras.

Palavras nunca mandam dizer. Simplesmente...dizem. Palavras são corajosas,nunca se omitem.

São o ócio que nos alimenta na pulsação dum vício inerente, sem volta, que nos mantem vivos.

Às palavras, bem como aos escritores, artistas de tão nobre matéria prima, aqui deixo toda a minha sincera acepção do meu eterno respeito.

A todos, sinceramente, sem palavras...