Obra do acaso

Quanta coisa boa não já aconteceu por acaso? Dia desses pensei nisso. Até tentei enumerar as últimas, mas não deu. Não haviam sido registradas na memória com a antecipação necessária por sua natureza imprevista. Os casos clássicos são aqueles momentos agradáveis do dia a dia com os amigos. Os encontros que ninguém marcou. Claro que quando há afinidade os encontros marcados também acabam por evuluírem bem. Mas voltando ao acaso, algumas oportunidades a gente sabe que não irão se repetir e ao passarem, normalmente mais rápido do que se quer, fica aquela sensação de coisa inacabada, de vontade reprimida por alguma circunstância como bem retrata o Paulinho da Viola na letra de sua canção “Sinal Fechado”.

E tal como palavras e idéias que se perdem sem serem aproveitadas por um poeta, ou como uma idéia raiz de um pensamento perdido, se vão os momentos que o tempo por acaso encurtou. Evidentemente tem sido debitado ao acaso um sem número de premeditações disfarçadas, porém não é desses falsos acasos que falo. É da saudade de um momento não prolongado. Mas o acaso também pode ser o início de algo permanente. Quem não gostaria de atribuir a ele ganhar na mega-sena? Tropeçar na Gisele Büdchen e fazer amizade com ela a partir de então ou mesmo “cair na simpatia do chefe” sem que tenha feito nada de especial para isso? Seriam casos felizes e prolongados do acaso. Há, já ía esquecendo: esta semana “por acaso" meu time ganhou...