O BALÉ DAS BORBOLETAS …..
Sempre que posso gosto de ir até aquela pracinha que não fica muito longe da minha casa. Não sei explicar bem mas ali encontro paz, me sinto muito bem , parece que meu coração desacelera as batidas e sem nenhuma dúvida é uma delicia sentar num daqueles bancos e sentir a suave brisa tocando no meu rosto.
Aquele lugar parece mágico, dá a impressão de ser habitado por anjos invisíveis que ali me mostram cenas lindas, inesquecíveis e que me fazem esquecer minhas preocupações e até estão permitindo que eu aos poucos vá enterrando algumas decepções e desilusões .
Por incrível que pareça, embora já estejamos em pleno outono, ainda percebo naqueles frondosos jardins algumas flores, tímidas é verdade, mas que conseguem exalar um perfume agradável , contribuindo para que o ambiente se transforme numa espécie de recanto paradisíaco.
Não se ouvia nenhum som e no lugar em que estava sentado, estrategicamente próximo a um canteiro de arbustos bem tratados, era possível sentir o cheiro de terra molhada e isso pelo fato de ter chovido um pouco na noite anterior.
Ao longe, mães e babás acompanhavam atentas as travessuras de seus filhos, e eu estava completamente à vontade, meu pensamento voava longe e olhando para o céu, consegui formar vários desenhos com nuvens branquinhas que passavam um pouco apressadas, tocadas por um vento amigo que soprava na direção sul.
Foi aí que percebi duas borboletas que voavam despreocupadamente e acabaram pousando numa mesma folha. Eram duas lindas borboletas com asas multicoloridas onde sobressaiam uma cor amarela bem forte. Difícil não notar.
O interessante é que elas pareciam brincar em volta daquelas plantas como se estivessem numa imaginaria perseguição e pareciam duas crianças muito levadas .
De vez em quando pousavam juntas numa mesma folha e neste momento, enquanto sossegavam a respiração, não tenho dúvida, trocavam carícias e quem sabe algumas palavras de amor. Palavras de amor na linguagem das borboletas, claro.
Em seguida elas voavam novamente e juntas davam voltas e piruetas como estivessem se exibindo para uma plateia invisível, provavelmente aquela a que me referi antes.
Então, elas pareceram ter notado minha presença e uma delas, possivelmente a fêmea, pousou na minha perna. Eu procurei ficar imóvel para não assustar minha nova amiguinha e então a outra borboleta se aproximou, com certeza o macho e sobrevoou em volta da minha cabeça, certamente tentando adivinhar minhas intenções para com sua companheira .
Esta permanecia imóvel e eu seria capaz de jurar que me observava atentamente através dos seus pequeninos olhos. O macho, que ao contrário parecia nervoso, irritado, talvez numa séria crise de ciúmes finalmente pousou no meu ombro , perigosamente próximo ao meu ouvido.
Imagino o quanto ele não estaria ali tentando me falar, quem sabe me desafiar para um duelo . Eu não conheço a linguagem das borboletas, aliás, de nenhum inseto ou pássaro mas em pensamento tentei explicar ao caro amigo de asas coloridas que não faria mal a ele e nem a ela.
Aliás, ainda em pensamento, aproveitei para dizer que sua parceira estava muito bonita com aquelas asas coloridas com um tom amarelo sobressaindo. Podem não acreditar no que estou falando mas parece que o amiguinho voador me entendeu e do meu ombro voou para minha perna onde a borboleta fêmea permanecia estática.
O meu amiguinho ciumento deve ter chamado a atenção dela para não ficar falando e muito menos olhando para estranhos , principalmente quando não se tem certeza das intensões de estranhos que procuram passar o tempo sentados num banco de uma pracinha deserta.
Pouco depois eles levantaram voo novamente , bailaram em frente aos meus olhos, passaram rente a minha cabeça, deram mais uma longa volta, sempre juntos e como se estivessem se despedindo pousaram rapidamente na minha perna e em seguida desapareceram no meio das árvores.
Eu nunca consegui imaginar se as borboletas voam porque são bailarinas ou são bailarinas porque voam. O que sei é que dei um largo sorriso em direção a majestosa árvore que estava às minhas costas e fui prá casa, mais uma vez aliviado, completamente esquecido de algumas preocupações e aborrecimentos.
E tem gente que não aprecia a natureza.......
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(.....imagem google.....)