Eu não consigo fazer poesia
Poesia não é minha praia. Em todas as poesias que crio não acho graça nem rima. Tampouco as releio para conferência, pois deleto de cara! Eu não consigo imaginar nas linhas rítmicas as cores das palavras. Para mim conseguir rimar eu preciso de um dicionário debaixo do braço e muitos neurônios. Admiro quem faz poesia!! Penso que as rimas são para os eruditos, pois encontram a beleza em seus versos densos.
Já tentei com todas as forças de meu não-erudito cérebro montar algumas rimas de quatro linhas, não me arrisco nas de oito para que as de quatro tenham sucesso, pois daí adviria a frustração pela metade e seria a mesma coisa das de quatro, porque conseguiria 50% do esperado. Acho.
Fiz versos com as rimas mais banalizadas da Língua Portuguesa, algo como coração e perdão, dormir e rir, comer e ler, sonhar e acordar e por aí afora, mas bem limitado.
Dias desses, li uma poesia de autoria de Adília Lopes. Não entendi bulhufas, pois para mim aquele texto não dizia nada com nada e, se dizia, estava muito além da minha percepção extrassensorial. Meu tutor de poesia ficou maravilhado após a leitura e explicou que ela a escreveu e depois fragmentou as frases formando rimas desconexas e ininteligíveis. Era arte.
Posto isso, fiz a minha “Poesia Arte” que transcrevo abaixo – em quatro linhas para que o sucesso não me suba à cabeça.
Abaixo, aquém, além, acolá perdura a teimosia
Chata negação do óbvio ululante
Sobe das entranhas, uma estranha azia
Acima, ali, aqui a noite cintilante.
E continuo, porque agora fiquei empolgada:
Casa, anos, suja moradia
Anulada nos beijos das aranhas
Seja roubada, fome tardia
Asas quebradas nas manhas do dia.
Minha percepção sensorial, beirando os limites da estratosfera não julga a arte pela arte, mas o que ela pode deixar de bom para o futuro e o que causa no intelecto de quem as lê. Posso dizer com certeza que - depois do que escrevi acima - o meu precisa de descanso.