Útero do amor
“Seja simplesmente humano...”
Pronto para inventar uma bela fantasia e imediatamente revelar o segredo da magia. Ser incapaz de nutrir fantasias para o conhecimento do antes e do depois da existência. Examinando as que são cultivadas com auxílio da ciência especulativa e basicamente da história. “Não acreditar em magos ou nigromantes. (...) Quejandas fábulas”. (Marco Aurélio)
Que tudo aquilo que está no homem fora antes gerado pela fraqueza da carne em busca de evolução, sempre sobre a matéria iludível fracassada e dividida na totalidade. Que ao engrandecer-se com os mitos que esposa quer o homem se ligar a grandes feitos, grandes milagres, grandes contemplações. Para evitar o espelho comum onde se lê apenas a palavra: homem. Que despreza esse gigantismo, cuja carne é feita de barro e dor, elevado então ao sopro do vento que corre em seus olhos, sob a condição de algo maior, celestial, divinal, puramente onírico.
Teatro. Teatro e teatro. Infeliz teatro da imensa carência da existência poética diária. Esta sim necessita ser avaliada como moto contínuo de todas as necessidades sensoriais. Vontade de carinho a que somos reduzidos em nossas vidas de tarefas práticas, escravas ou meramente mecânicas. Teatro do afeto ou do consolo por onde se ergue à cena para que os fantasmas ludibriem o termo compreensível e alcancem o lucro sobre o desconhecido explorado. Vaidade extrema de se querer alguma diferença pela filiação inserida no terreno de poder. Mitos que cabem tão somente na investidura de poder composto pela triste carência de “poesia” erguida para ritual. (Fantasia de Cícero como disseram: primeiro o missionário, depois o visionário, para finalmente alcançar o milionário).
Apenas todo homem como um templo deveria ser respeitado. O seu corpo a casa de seu coração cultivando ao desconhecido apenas o não saber. A humildade do não saber. Por coerência, simplicidade, honestidade intelectual, e aversão ao infantilismo das fábulas antigas redirecionadas aos tempos modernos, geradas para domínio sobre os espaços vazios e novamente o lucro. O homem enfim despido de todas as ilusões terrestres exila-se na poesia, mas compreendendo-a enquanto tal num cenário de criaturas a procura simplesmente do amor. O amor especulado, fragmentado em mil pedaços. Útero do amor com perdão do amor.
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