A justiça que vem do Alto
Novamente a menina Isabella volta aos palcos iluminados, polarizando a mídia em quase sua totalidade (vide a crônica: 'A menina Isabella'), e muita gente está “babando” na esperança de ver o pai e a madrasta da garota atrás das grades, para pagarem pelo crime cometido, exigindo que se faça “justiça” (vingança, condenação) a qualquer preço, embora ninguém tenha sido testemunha ocular do malfeito, portanto sem ter absoluta certeza do acontecido, a não ser pelas especulações amplamente e insistentemente divulgadas pelos meios de comunicação. Por outro lado, essa sede de justiça condenatória não passa de um tipo de apedrejamento que a população está tentando efetuar, prejulgando e castigando o próximo, como se ela mesma estivesse isenta de culpas por atos não menos graves, embora ocultos aos olhos da mídia. Por haver essa manifestação funesta de grande quantidade de cidadãos, que não têm muito com o que se preocupar, a não ser com o futebol e o reality show, o julgamento sensacionalista elevou os índices do IBOPE às alturas, em detrimento dos detalhes referentes a assuntos de utilidade pública, verdadeiramente importantes, de interesse dos não medíocres. _Pois é, e ainda muita gente não sabe por que a natureza está “revoltada”!
A ideia de Deus todo misericordioso, que está sempre ajudando a todos (vide a crônica: 'Até o absurdo tem limite!'), principalmente àqueles que Lhe pedem graças, acaba entrando em choque frontal com os que observam “incoerências” nessa bondade divina, no caso de haver o assassinato de uma criança inocente e indefesa, assim pondo em xeque o poder de interferência do Criador na defesa dos mais fracos e desamparados. Essa visão estreita bloqueia o cérebro daquele que se prende a conceitos religiosos já ultrapassados, que colocam o Todo-Poderoso em um trono de ouro, localizado em algum lugar no Céu, sempre pronto a resolver os problemas dos sofredores, perdoando-os de seus deslizes e guardando-os das ações dos malvados e capetas, os quais Ele castiga e execra! _Ora, isto não passa de algo “matusalênico”, da época em que “se amarrava cachorro com linguiça”! Estamos no terceiro milênio, onde até a física quântica já está chegando a aceitar e a provar a existência de outras dimensões além do mundo material, caminhando para explicar a existência incontestável da Inteligência Suprema, portanto não podemos mais nos dar ao luxo de ignorarmos a verdade das coisas, continuando “deitados eternamente em berço esplêndido”!
A exaltação à misericórdia divina, à bondade infinita e ao amor supremo, está sendo feita de forma tendenciosa e incompleta, simplesmente porque o Absoluto também é a onisciência, a onipresença e a onipotência. Ele representa A Verdade, a Natureza, o movimento, as múltiplas dimensões do Universo, as energias cósmicas e muito mais, até chegarmos em A Justiça Divina, que atua sem qualquer desvio possível ou impossível, portanto d’Ela ninguém escapa, o que dispensa a preocupação nossa de fazer justiça, mesmo porque não temos capacidade de julgar o próximo, e muito menos condenar alguém, já que não somos deuses. Vejam que, ao querermos interferir no resultado da condenação dos réus, estamos achando que houve uma violência descabida contra a “inocente” Isabella, o que demonstraria uma omissão divina! Como isso é totalmente impossível, cabe a nós sairmos da nossa alta ignorância, mediante a procura do conhecimento da A Verdade, e assim partirmos para o entendimento dos porquês dos acontecimentos, afinal somos dotados de um cérebro capaz de assimilar conhecimentos muito além do mundano, desde que não tenhamos preguiça e nem desinteresse em crescer como individualidade, mudando assim a qualidade da nossa vidinha medíocre e sem horizonte espiritual.
Quem achar por bem continuar na mesmice, fomentando os altos índices do IBOPE, tanto na inutilidade do esporte profissional, quanto na asnice do BBB, assim como no interesse mórbido das reportagens sensacionalistas, pode ficar à vontade, porém seria de bom alvitre acreditar que as colheitas das nossas omissões não podem ser contestadas, pois serão sempre de acordo com a justiça que vem do Alto - Maktub!