E aí... alguém sabe o que é Páscoa?!
Sem querer ser religioso e tampouco profundo conhecedor dos textos bíblicos. E, diga-se de passagem, passo longe tanto de uma coisa como de outra. Porém não é possível destacar, em meio a todo esse clamor em relação à Páscoa, qual seria o seu verdadeiro significado, ou seja, o que é Páscoa? E, sobretudo, o que tem haver Páscoa, que é algo que se presume ligado aos princípios religiosos, com coelhos e ovos de chocolates?
Alguém menos desavisado poderia dizer que é puro comércio. Eu mesmo poderia até pensar que, como papai Noel, seria mais uma data para fomentar o comércio, coisa de capitalista...
Na verdade, isso não deixa de ser um pouco um quê de verdade, porém, fora as questões puramente materiais, é preciso ir um pouco mais além, para o tempo dos nossos avós e bisavós, quando o comércio não tinha esse grau de especialidade e profissionalismo que se vê hoje em dia.
Lembro-me claramente quando minha avó, religiosa ao extremo, dizia-me que a Páscoa celebra a ressurreição do nosso Senhor Jesus Cristo... Porém uma dúvida me ocorria. O que tem haver Páscoa – ressurreição de Cristo, com coelhos e ovos de chocolates? Afinal, donde vem esta associação? Particularmente, não sei precisar. E confesso que sempre tive certa preguiça em pesquisar assuntos em relação a isso.
Todavia, chegou-me por e-mail, coisa da internet, que não se pode precisar o inteiro caráter de veracidade, mas que por um outro lado, e, por questão de lógica, pode-se conferir algum crédito, uma explicação plausível para Páscoa, coelhos e ovos.
Então, vejamos: Segundo o tal e-mail, a fuga dos hebreus comandada por Moisés, do antigo Egito, é algo de relevância dentro do mundo religioso, porque é o marco entre o cativeiro - escravidão, e a liberdade, ou seja, enquanto escravo o indivíduo não tem alma, não tem identidade e não tem elo a nada que o faça existir. Porém,quando liberto, o indivíduo renasce, para uma vida que não conhecia.
Neste caso específico os ovos seriam o símbolo do renascimento, onde era cativeiro agora é uma vida de pura independência. Existe dentro do ovo uma nova vida em gestação. É o milagre da vida que ressurge a todo instante, seja no desabotoamento das flores, no germinar das sementes, no nascer de novas manhãs e no processo de gestação de uma nova vida. São milagres que, mesmo com todo avanço científico, ainda hoje temos dificuldades em explicar. Portando, esse é o significado do ovo, vida em processo de formação.
Quanto ao coelho só poderia ter um significado, ele representa a multiplicação. Nada tem mais sentido na frase “crescei-vos e multiplicai-vos” do que o coelho, pois nenhum outro animal na terra se multiplica com tamanha velocidade. Portanto, o coelho simboliza a família.
Então, somos nós mesmos que renascemos, nascendo novamente de nossos filhos, por intermédio da prole e, assim, atravessamos a muralha dos séculos, para tornarmos perene o milagre da vida.
Logo, a fuga dos hebreus e o fim da escravidão de um povo marcam um renascer, pois a escravidão equivale à morte, escravizar equivale a tirar a vontade e a alma de alguém, equivale a tirar a sua vida. Abrir as grades da escravidão é viver de novo, é renascer, é estar renascido para compor a ode da vida em estado de liberdade.
Por fim, Jesus significa a ressurreição.
Vida é isso mesmo... Esse eterno milagre que nos encanta, que nos seduz e que não nos deixa escolhas, a não ser se deixar apaixonar por ela o tempo todo!
Então, que a Páscoa nos relembre a glória da liberdade de nossas almas. Este é o dia de renascer, começar tudo novamente. Libertarmo-nos do mal que corrompe nossos espíritos e nos recobrirmos com a pureza da alma que um dia tivemos. Deixar a casca dura do ovo que já fomos um dia, abandonar tudo o que nos prende ao relativismo da expiação e a todo conceito do que é antigo, e que não se presta a essa nova forma de viver, olhar para frente com a coragem de um Prometeu, de punho cerrado, ousar encarar o universo para nos dedicarmos à vida como quem sorve o sumo do mais saboroso fruto.
Não devemos agir como na velha fábula do maquinista:
O rapaz quando parava a máquina que puxava o trem, costumava bater com um martelo todas as rodas da composição. Certa vez, perguntado o porquê daquilo, ele não soube dizer qual a razão. Apenas se limitou a falar que fazia aquilo porque aprendeu com o velho maquinista, que ocupava aquela função antes dele. Todavia, o velho maquinista batia as rodas do trem para divisar, entre elas, através do som, qual a que poderia estar quebrada ou trincada.
Assim, todo esse trabalho que o rapaz tinha para bater todas as rodas do trem, sem saber o seu verdadeiro significado, acabava por tornar inócua toda aquela tarefa. E, pior, não se prestará para prevenir o “Mal” que há de vir.
Então, não nos esqueçamos... Não podemos pelo nosso distanciamento e esquecimento das coisas tradicionais que não são materiais, deixarmos perder a alma de um dos mais profundos conceitos que nos liga à condição de nossa humanidade.
Páscoa é o dia de renascer. Então, Feliz a Páscoa a todos!!!
(Fábio Omena)