Da importância de manter a base para vencer no ano seguinte
DA IMPORTÂNCIA DE MANTER A BASE PARA VENCER NO ANO SEGUINTE
(crônica publicada na "Revista do Avaí" nº 7, março de 2010)
O torcedor do Avaí ficou muito mal-acostumado (não deveria ser bem-acostumado?) nos últimos tempos: em 2008, quando o clube foi o melhor do Estadual e subiu para a Série A do Nacional, e em 2009, como Campeão de Santa Catarina e 6º do Brasil, a base da escalação era a equipe de 2007. Todo mundo sabia de cor quem sairia jogando. Até os técnicos: foram somente dois, exportados para o vencedor do 1º turno do Catarinense e para um dos finalistas do 1º turno do Gaúcho (no momento em que esta crônica é escrita ainda não houve a final no Rio Grande do Sul), ambos este ano.
Subitamente, tudo muda em 2010. Dos 11 jogadores que sempre entram em campo ou dos 18 titulares, mais o técnico, só sobram dois: o capitão Rafael e o zagueirão Émerson, que acaba de completar 100 jogos com a camisa azul e branca do Leão da Ilha. Foi-se a base. E manter a base do time, qualquer criança sabe, é a receita para as vitórias e os títulos. Base é entrosamento, é continuidade de trabalho, é jogar por música. Desfeita a base... Desconfiado, ressabiado, o torcedor paga pra ver. As arquibancadas aceitam as derrotas (de todo modo inevitáveis, uma aqui, outra lá bem longe) desde que haja empenho da equipe e de cada atleta, desde que o time jogue com raça, pra frente, valente e decidido, desde que acredite sempre que pode virar o jogo e não se entregue. Sem a manutenção da base, porém...
Foi-se a base: isto seria verdade se a base não se fizesse em camadas, com jogadores subindo progressivamente. Não será o caso que a base, hoje, esteja se consolidando em torno dos garotos que, na Copa São Paulo de Juniores no início de 2009, só saíram da competição na semifinal, ao empatar com o futuro campeão Corinthians e perder invictos nos pênaltis? Este ano, no mesmo torneio o Avaí saiu após ser derrotado pelo futuro campeão São Paulo; esta equipe azurra certamente há de constituir a próxima camada de baixo da base.
No 1º turno do Estadual ficamos apenas a um ponto do Joinville. Consideradas as semifinais e a final, com uma vitória e um empate, passamos à frente deles, que não foram além de dois empates em casa. Só o regulamento do campeonato é que não reconheceu a superioridade avaiana.
De qualquer forma, para o sucesso nas quatro competições oficiais de 2010 o Avaí já tem um modelo e um caminho: jogar como no 2º tempo dos 2 a 2 contra o Figueirense, na casa deles, e como na partida toda dos 5 a 1 em cima do Joinville, na Ressacada. Claro, e começar a ganhar alguns jogos fora mantendo os 100% de aproveitamento na Ilha.
(Amilcar Neves é avaiano, escritor e autor, entre outros, do livro "Movimentos Automáticos", novela)