Tempo ao tempo: este tempo somos nós
Decidi escrever sobre o tempo, talvez um tempo, tempo este que nos remete à distância...
Tempo de “vacas gordas”, como insiste o dito de auto-ajuda fruto da sabedoria popular;
Tempo em que a paz venceu a guerra e que as discussões trafegam apenas pelo poder da palavra;
Tempo em que as doenças tiveram um final, foram exterminadas pelo brilhantismo da mente humana, um emaranhado de fórmulas chatas, mas eficientes;
Tempo em que a fome fora algo pertencente ao passado, pois os campos semeam abundância e a comida farta seria privilégio de todos;
Tempo em que o analfabetismo brasileiro fora eliminado por uma campanha demorada, mas vitoriosa. Analfabetos por aqui são seres pertencentes a uma jurássica história contida em nossos livros didáticos;
Tempo em que a corrupção não faz mais parte de nosso vocabulário, muito menos do dialeto dos políticos. Político brasileiro não é mais corrupto. Alguém se lembra quando foi a última vez que um político brasileiro foi acusado por corrupção?
Tempo em que a família voltou a se reunir em torno da mesa para usufruir as lautas refeições e o diálogo foi restabelecido. O filho terá orgulho de dizer que é filho de seu pai ou da mãe;
Tempo em que os Homens finalmente se conscientizaram sobre os males causados à Natureza e hoje realizam trabalhos benéficos como a redução na emissão de gases causadores do desequilíbrio natural;
Tempo em que os moradores de rua se tornassem moradores de casas, voltassem aos seus lares, convivessem pacificamente com seus familiares, procurassem se empregarem. O labor é farto, os tempos são outros;
Tempo em que as drogas lícitas foram esquecidas, dando lugar aos sucos naturais;
Tempo em que os acidentes nas estradas brasileiras tivessem diminuído, encerrando-se seria a palavra correta e que não mataríamos mais que a última guerra no Iraque;
Tempo em que as Universidades aderissem ao bom currículo do vestibulando e eliminasse a disputa abusiva surgida com os exames vestibulares, mas para isso a progressão continuada acabara;
Tempo em que os brasileiros freqüentassem mais as bibliotecas públicas, comprassem mais livros, visitassem mais as livrarias dos shoppings;
Tempo em que o amor expandisse pelos corações mais frios, povoasse os pensamentos mais vadios e se incorporasse ao nosso dia-a-dia;
Estamos dando tempo ao tempo, mas esse tempo somos nós!