Pedofilia à luz das religiões
O irmão Sanderli José da Silva, evangélico, faz circular na internet uma denúncia cabeluda: islamitas casam-se com crianças de 9 a 11 anos. A pedofilia, segundo o documento, é fato comum na sociedade muçulmana.
Fui pesquisar na mesma internet. Eis o que temos sobre a denúncia, em louvor ao dia da mentira: “Tudo isto que vai neste post é falso. É inventado pelos inimigos do Islã. Não existe. As fotografias foram montadas pela CIA, as notícias da BBC são manipuladas pelo MI5, os sites islâmicos que eu consultei são fachadas construídas pela Mossad. O Islã não tolera, não admite, não encoraja casamentos de menores nem casamentos forçados.”
Com quem está a verdade? O tema pedofilia tem quebrado a cabeça do Papa de Roma e de todos os religiosos das crenças tradicionais. Manchete de jornal em São Paulo: “Cresce o número de pastores pedófilos no Brasil”. Segue a notícia: “A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira, em Paranaguá (98 km de Curitiba), um casal de pastores evangélicos acusado de pedofilia. O pastor Francisco Vicente Corrêa Filho, 57, é acusado de estuprar pelo menos dez meninas, com idades entre 10 anos e 13 anos. A mulher dele, Elizabeth Graff, 41, é apontada pela PF como colaboradora dos crimes e aliciadora das meninas”.
E daí, a Bíblia fala sobre pedofilia? Se existem pastores, padres ou judeus pedófilos, pode-se condenar suas religiões por estes desvios de conduta?
Lendo a Bíblia, encontramos uma citação que é um verdadeiro estímulo a essa prática sexual: Números 31:17 – “Agora, pois, matai todas as meninas entre as crianças e todas as mulheres que conheceram homem, deitando-se com eles.” – Números 31:18: “Mas todas as meninas que não conheceram homem, deitando-se com eles, deixai-as viver para vós”.
Da leitura ressalta o seguinte fato real daquela antiguidade: praticava-se a pedofilia em larga escala e essa rotina era incentivada pelo Deus que ditou as tais “Sagradas Escrituras”. Sem falar na crueldade manifesta nessas ordens divinas. Naquele tempo se permitia a pedofilia. Leio em site português que Maria tinha 13 anos quando teve Jesus.
Hoje padres e pastores abusam de crianças, e em confissão um desses padres disse que Deus permite essa perversão. Ele certamente leu a citação acima.
Meu caro Sanderli, quem promove a prostituição infantil na Tailândia, no Cambodja e no Brasil miserável e injusto não é o muçulmano, mas o cristão evangélico americano e o católico italiano, o anglicano da Inglaterra e o civilizado cidadão da Suécia. Se você ligar isso à religião, entramos no domínio da paranóia geral. Unidos pela fé e pelo “prazer de saborear meninas e meninos virgens”, os torpes pervertidos vestem batina ou paletó, usam mantos orientais ou solidéus judeus. Os reis católicos da antiguidade casavam com meninas de 12 anos de idade.
O que devemos denunciar é a pobreza que leva mães a vender a virgindade de suas filhas, situações que ocorrem no Nordeste brasileiro ou nos confins do mundo árabe. São casos extremos de degradação que não passa por fé religiosa. A poligamia também era um costume tolerado pelas sociedades antigas. Hoje, como a prática já não é forte, não falta quem não cite o Alcorão para criticar. Maomé teve mais de quatro esposas, e daí? Eram uniões simbólicas e políticas, de laços entre as tribos, sem qualquer conotação sexual. Se bem que nas imensidões dos desertos, em suas tendas à noite, alguns beduínos ou tuaregs cansavam de suas camelas e copulavam com alguma esposa, dele ou do vizinho de barraca.
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