“Vizinho de Cristo”

Manhã de sábado, dia 27 de março, dirigimo-nos ao distrito de Fazenda Nova, no município de Brejo da Madre de Deus, agreste de Pernambuco, onde se localiza o maior teatro ao ar livre do mundo, mais conhecido como Nova Jerusalém. É ali onde se encena o maior espetáculo da Paixão de Cristo. O nosso destino era a Pousada da Paixão, onde ficaríamos por dois dias, com direito a uma participação especial, na condição de figurantes. Ali chegamos por volta do meio dia, apresentando-nos à recepção para o “check in”, que logo indicaria o nosso apartamento. Após a devida acomodação, resolvemos sair para melhor conhecer a Pousada, construída no estilo da antiga Jerusalém. Para facilitar o retorno, diante daquele labirinto, visualizamos a placa da esquina, com o nome da Alameda. Li em voz alta, com a intenção de que a minha mulher memorizasse aquele nome. Nisto, sai o ator Eriberto Leão, todo risonho, e diz: “Vizinho do Cristo”. Tal foi a surpresa da minha mulher, no afã de conhecer os atores da Globo, que logo lhe pediu para tirar uma foto. De imediato, apanhei a câmera para registrar aquele encontro, que esperávamos ocorrer noutra oportunidade, no restaurante ou à beira da piscina. Como sempre, as mulheres são mais ligadas à idolatria por essas celebridades. Disse que haveria de tirar foto com todos os atores ali hospedados. A foto seguinte foi com a Suzana Vieira, a “Nossa Senhora”, que estava à beira da piscina, concedendo uma entrevista para a Globo Nordeste. Ao terminar, correu lá com essa intenção e, pela boa acolhida, perguntou se poderia chamar o marido. E, ao apontar para mim, a própria Suzana disse: “Vem marido”. E eu, que não gosto de incomodar essas celebridades, fui lá para também sair na foto. E assim ocorreu com todos os outros atores, sempre muito atenciosos, atendendo a todos os hóspedes da pousada.

À noite, o grandioso espetáculo, retroagindo a história no tempo, por mais de dois mil anos. Motivo de muitas reflexões. A mensagem cristã totalmente distorcida pelo mundo capitalista. Com o homem pensando mais no “ter” do que no “ser”, o “amai-vos uns aos outros” foi substituído por “atropelai-vos uns aos outros”. O ensinamento de Maquiavel foi muito mais acolhido do que o d'Aquele que foi o maior exemplo de amor ao próximo de toda a humanidade.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 01/04/2010
Reeditado em 01/04/2010
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