Samba para ela sentar - (Texto para o dia de um samba para ela sentar)

Alexandre Menezes

Aos sábado, como é costume, ela sente ciúmes e se arruma para me acompanhar. São os mesmo amigos à mesa bebendo cerveja: costume para esquentar. Alguns instrumentos no colo, tantos outros no solo, tudo pronto: logo a gente começa a tocar.

Ela sabe que não falto o samba, quando não vou reclamam, porque gosto e sei improvisar. Eu mando o que quero por meio de versos e não deixo o samba cair e a roda esfriar. Só que a “Nêga” me deixa maluco e quase fico mudo: é só ela começar a sambar.

Parece que recebeu de herança esse jeito que ela balança e que quase ninguém faz. Tem uma dança apurada e tão bela deve ser um segredo herdado e guardado dos seus ancestrais. Então não tiro o olho um só momento e até pedido formal de casamento já fiz aos seus pais.

Às vezes me dano com um ou outro atrevido, alguns desses falsos amigos, que com ela querem se meter. Eu paro com o samba na hora e digo que é a minha senhora e ponho qualquer desavisado para correr. Faz dias que não verso e estou decidido só que ela não sabe o que acontece comigo e não pode desconfiar. É que passo os últimos dias num projeto envolvido e agora só volto pra roda no dia que fizer o samba para “Nêga” sentar. Um Samba que a faça sentar. Um samba pra ela sentar...

OBS- Feito originalmente em versos numa roda de samba.

Alexandre Menezes
Enviado por Alexandre Menezes em 01/04/2010
Reeditado em 03/04/2010
Código do texto: T2170681
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