A mulher em todo o seu esplendor
Vestida ou despida sua beleza é nativa, ao mínimo toque, minha pele se envaidece, meus pêlos levantam como se por breves segundos tivesse passado uma corrente de ar. Meus lábios, carnudos e belos se sentem atraídos pelo cheiro, o aroma faz-se sentir ainda longe, os olhares de tão singulares acabam por se cruzar, torna-se inevitável o confronto entre homem e mulher - dois seres que nasceram para se amar. Onde um simples gesto nos cativa, nos apaixona, e nos enlouquece. O que me atrai numa mulher nem sempre é sua beleza exterior, antes - seus gestos, sua forma de ser, sua simpatia, sua meiguice. Descobri há pouco tempo, que tal como Tcheckov, é possível falar no amor com uma certa mestria sem ter grande contacto com ele. O amor se subdivide em várias facetas, das quais destaco: as chamadas conscientes e as inconscientes. Minha proximidade acontece quase sempre com o segundo tipo, nesse eu sou mestre, no primeiro sou principiante, ainda que eu sinta não existir grandes diferenças entre esses dois grupos. Em ângulos de 90° isso é perceptível. A olho nu, nem tanto.
A mulher se aproxima como se entrasse duas vezes no mesmo local... O suspense é sempre o mesmo, os sons são iguais, sei quem é ela! Mas não conheço seu nome; ela vem vestida com simplicidade, de quem não se preocupa muito com a forma, mas sim, com o conteúdo. Nunca a vi mais gorda nem mais magra, só a reconheci pelo cheiro, esse cheiro de jasmim que me habituei a sentir sempre que mulheres especiais se aproximam de mim. Não que eu seja especial, mas tenho o dom de apreciar a arte no seu estado puro, como diria Michelangelo “Em cada bloco de mármore vejo uma estátua; vejo-a tão claramente como se estivesse na minha frente, moldada e perfeita na pose e no efeito. Tenho apenas de desbastar as paredes brutas que aprisionam a adorável aparição para revelá-la a outros olhos como os meus já a vêem”.
A mulher simples é esse bloco de mármore, onde a maioria vê uma simples rocha - eu vejo uma bela mulher em todo o seu esplendor. Que precisa apenas de ser lapidada para sua beleza aparecer.
Sei quem ela é, mas não sei seu nome!