A Velha Contrabandista

Hoje à tarde eu estava na fila dos caixa-rápido do mercado quando notei que o segurança estava me observando. Como eu costumo,sempre que vou ao mercado, após sair do serviço carregar comigo minha maleta onde coloco todos os materiais e documentos que utilizo no meu trabalho, deduzi que ele estava desconfiado de que eu teria pegado algum produto do mercado e colocado dentro da bolsa.Aliás, na próxima vez que eu for ao mercado vou tirar a minha dúvida, perguntando a ele porque quando eu me dirigi ao caixa e mesmo quando eu estava saindo ele ficou na porta me cuidando. Mas vamos ao que interessa. Este fato me fez relembrar de um texto de Sérgio Porto, escrito sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta que tem muita semelhança com o que escrevi sobre a atitude do segurança do mercado.Abaixo estou postando o texto.Por favor leiam e me digam se não é parecida a situação.

A velha contrabandista:

Autor:Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruta saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar da velhinha.

Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim para ela:

-Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?

A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:

-É areia.

Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.

Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido, o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.

Diz que foi aí que o fiscal se chateou:

-Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.

-Mas no saco só tem areia! – insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:

- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?

-O senhor promete que não “espáia”? – quis saber a velhinha.

-Juro – respondeu o fiscal.

-É lambreta.