Paixão de Cristo em Nova Jerusalém
Graças à amizade de que desfruto com um funcionário da Sociedade Teatral de Fazenda Nova, no agreste de Pernambuco, tive a oportunidade de hospedar-me por dois dias na Pousada da Paixão, num período de maior fluxo turístico, este ano de 26 de março a 3 de abril, durante a encenação da Paixão de Cristo. Aos hóspedes é concedida uma participação especial, na condição de figurantes. Para isto, os interessados terão de participar de um ensaio durante o dia que antecede a noite do espetáculo. Topei a parada, tendo em vista que ao figurante cabe apenas seguir o caminho previamente ensaiado, sem a necessidade de dublar a voz dos personagens, limitando-se ao uso de vestimentas próprias e alguns gestos típicos de cada cena.
Isto nos permite ver o que ocorre nos bastidores, além da engrenagem montada por trás do monte onde ocorre a aparição e ascensão de Cristo. Este ano, cinco atores da Globo participam como principais personagens. Eriberto Leão no papel de Cristo, Suzana Vieira no de Nossa Senhora, a mãe de Jesus, Mauro Mendonça no de Herodes, Paulo César Grande no de Pilatos e Dig Dutra no papel de Madalena.
No domingo, dia 28, o papel de Cristo foi vivido pelo pernambucano José Barbosa, tendo em vista a ausência de Eriberto Leão, que foi ao programa do Faustão receber o prêmio de melhor ator do ano de 2009. Mesmo diante da justa causa da ausência, a multidão que assistia ao espetáculo naquele dia manifestou uma reação negativa, ao ouvir uma gravação do ator sobre a sua substituição. Não se pode negar a idolatria que se tem por atores famosos da Globo, que viram celebridades. Quem foi ali queria ver o seu ídolo no papel de Cristo e não um ator desconhecido por muitos, mesmo já tendo vivido aquele papel por muitas vezes. O brilho do espetáculo em nada mudou, mas a paixão do povo pelo ídolo revelou alguma insatisfação.
Um espetáculo digno de louvor em todas as cenas. Um legado do saudoso Plínio Pacheco, um gaúcho que se encantou pela região e ali fundou o maior teatro ao livre do mundo.