EU SOU DO INTERIOR

Eu sou do interior paulista

Na capital de São Paulo eu vivi

Onda de terror a vista

Resolvi voltar o lugar que nunca esqueci.

Na Vila Carioca fixei residência

Na época bairro em formação – nossa quanta gente

Estrangeiros com muita freqüência

Do norte-sul-leste-oeste óxente.

Compramos um lote no brejo

Poço raso de água saloba

Fossa – esgoto que sacrilégio

Justifício fabricava sacos de estopa.

Fim de semana a galera vibrava

Em cada esquina um time de futebol

Com a bola no chão o pau quebrava

Com tempo frio – chuva até com sol.

O carroção recolhia o lixo

A meninada nadava no “Tibum”

Três Torres – Parentes – na Loça

Na Boca da Onça morreu mais de um.

A Cerâmica Sacomã

Extraia argila na Boca da Onça

Carroças que saiam logo de manhã

Fabricava produtos cerâmicos menos Faiança.

No ar a fedentina exalava

Tinha valetas pra todo lado

O povo até que reclamava

Com o passar do tempo isso foi mudado.

Circo Pavilhão Françoise (Françoá)

Pipoca – pinhão – amendoim

Nos intervalos íamos comprar

Peças em três atos – tinha fim.

No morro do Heliópolis

Terreno baldio – mamonas a vista

Hoje uma favela da metrópole

Campos de futebol a pista.

Grevistas e baderneiros perturbavam

Trabalhadores que perdiam o emprego

Os patrões o DOPS eles chamavam

Nem sempre pegavam o pelego.

Tangerynus
Enviado por Tangerynus em 31/03/2010
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