EU SOU DO INTERIOR
Eu sou do interior paulista
Na capital de São Paulo eu vivi
Onda de terror a vista
Resolvi voltar o lugar que nunca esqueci.
Na Vila Carioca fixei residência
Na época bairro em formação – nossa quanta gente
Estrangeiros com muita freqüência
Do norte-sul-leste-oeste óxente.
Compramos um lote no brejo
Poço raso de água saloba
Fossa – esgoto que sacrilégio
Justifício fabricava sacos de estopa.
Fim de semana a galera vibrava
Em cada esquina um time de futebol
Com a bola no chão o pau quebrava
Com tempo frio – chuva até com sol.
O carroção recolhia o lixo
A meninada nadava no “Tibum”
Três Torres – Parentes – na Loça
Na Boca da Onça morreu mais de um.
A Cerâmica Sacomã
Extraia argila na Boca da Onça
Carroças que saiam logo de manhã
Fabricava produtos cerâmicos menos Faiança.
No ar a fedentina exalava
Tinha valetas pra todo lado
O povo até que reclamava
Com o passar do tempo isso foi mudado.
Circo Pavilhão Françoise (Françoá)
Pipoca – pinhão – amendoim
Nos intervalos íamos comprar
Peças em três atos – tinha fim.
No morro do Heliópolis
Terreno baldio – mamonas a vista
Hoje uma favela da metrópole
Campos de futebol a pista.
Grevistas e baderneiros perturbavam
Trabalhadores que perdiam o emprego
Os patrões o DOPS eles chamavam
Nem sempre pegavam o pelego.