QUAL É A COR DA POESIA?
E poesia tem cor? Lógico que tem. Não inventam cores pra tudo? A paz é branca; a esperança, verde; a paixão, vermelha e a dor, negra... Então a poesia também não pode ficar fora dessa. Ela também tem sua cor. Só não há um padrão estabelecido. Cada poeta escolhe a sua. A minha, por exemplo, é furta-cor...
É por acaso, essa cor furta-cor? De jeito nenhum! É furta-cor porque tem mesmo esse efeito cambiante exposto ao sabor das emoções. Ora furta a cor do amor, ora da alegria, da solidão, da saudade, da dor e por aí vai... Definitivamente, uma ladra adorável! Também pode acontecer, de vez em quando, de ser iridescente. Em se tratando de arco-íris... Ai, isso dói, deixa pra lá...
Sendo furta-cor minha poesia muda de acordo com a luz dos sentimentos. Amando, ela reflete a clara luz do amor. Espalha, então, o brilho da felicidade. Sofrendo... se veste de luto e escurece até o coração de quem a lê. Com saudade? Ai, coitada! Fica por dias e dias oscilando entre tons que vão do lilás ao roxo mais fechado. Uma tristeza só!
Afora essa coisa de cor, a poesia nunca é feia. Tem sempre uma beleza íntima que vai alojando direitinho na alma da gente. E lá fica quietinha, se aquecendo pra depois voar mais bonita do que chegou. Outra coisa: ela não é egoísta. Empresta sempre suas cores pra todo mundo. Não “recebe mais aquele que mais doa”? Então, é por isso que todo poeta é colorido e suas cores nunca desbotam...
Por ser furta-cor minha poesia é também diamante. Se a pedrinha fica guardada na gaveta, nunca está completamente lapidada. Hum...só mais uma lustradinha! Mania de achar que ainda pode ficar mais brilhante. E nesse caso, nem é por exibição, feito os diamantes. É por puro amor mesmo! Coisa de quem cria, de quem inventa... E antes que fique o resto da vida lapidando, deixo-a voar logo... Mesmo porque o efeito furta-cor é assim: a visão do agora nunca é a mesma do instante seguinte. Então, capturando! Nunca se sabe os matizes refletidos pela próxima luz...