Auto-retrato
 Águida Hettwer
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  Folheando as páginas do tempo, minha mente buscou cenas no pátio da infância. Os olhos nem piscavam concentrada na história sendo contada, pela professora do primário. O livro infantil contava a história, de um lugar distante, onde as coisas eram pelo avesso, inclusive os letreiros. Infelizmente não lembro o nome do autor. Mas a memória registrou a palavra “setevros”. Dentre tantas lembranças de um tempo doce e mágico.
 
    Cultivo manias, desde os tempos de menina. Aprecio a sabedoria dos mais experientes, leio jornal de trás para frente. Considero-me uma cidade por hora agitada, cheia de gente circulando atarefada de um lado para outro. Entretanto, sou uma manhã de domingo, silenciosa, onde até os pensamentos dormem até mais tarde.
 
 Quisera rabiscar um sonho, protagonizar uma cena, sem seguir um script sutilmente imposto. Por que talvez queira apenas conversar com “meus botões” sem precisar trocar seis por meia dúzia, em palavras vãs. Tenho prazer em coisas que outrora, estariam fora dos planos. Não meço esforços em qualquer coisa que faça. A dificuldade é o estimulo que impulsiona.
 
   Aprende-se com o tempo, que não convertemos erros, controlamo-os. Para sermos autênticos pagamos alto preço, inevitavelmente recompensador. A vaidade é uma cortina de vidro frágil e quebrável, não vale a pena sustenta-la. As emoções movem meu mundo, sejam no silêncio ou em pinceladas de ousadia.
 
 A vida pulsa latente a minha frente, nos obstáculos que tenho que superar. Pessoas irremediavelmente especiais deixaram suas pegadas no territorial da alma, dos quais são minhas jóias preciosas.
 
 Onde o tempo, a distância, não pode apagar....
 
                                                                                                           31.03.2010