Armando e o jogo da vida...
ARMANDO E O JOGO DA VIDA
Descobri, de repente, que a bola não era apenas uma esfera de meia, de borracha ou de couro, a correr mundo afora, Brasil adentro, entre pernas hábeis e pernas-de-pau, a cair nos braços de um goleiro , e adentrar balizas de bambu, chinelo, metal, ou mesmo de gesso, pintadas em um muro qualquer.
Descobri que a bola é a identidade de um povo que gosta de ginga, de jogo, e que se reúne em frente à luminosidade de uma tevê, e explode de emoção quando o filó é sacudido por um atleta do seu time de coração.
Descobri que a habilidade, o drible, a folha seca, o elástico e o lençol são mais do que representações, são obras de arte, uma arte muitas vezes únicas, como um quadro de Picasso, deveria ser imortalizada em museus .
Descobri meu time de predileção, que é o mesmo de mais de um milhão, amado, odiado pelos rivais, mas em verde e branco pintei minh’alma . Mas, a despeito de tudo, quero dizer que respeito as outras cores.
E tentando descobrir o que é Futebol, descobri Armando, e, como um técnico que monta seu esquema tático, fui montando jogadas por entre as letras do poeta, letras pretas num fundo branco, como o Botafogo a quem tanto ele admirava , e não menos se referia. Com 25 anos de idade, obviamente não tive a oportunidade de ver jogarem Garrincha e Pelé, a não ser em videotapes, mas, querem saber? Jogo de futebol antigo é bom mesmo quando merece texto de Armando!
Sorte tive eu, que como ele, nasci pra escrever, não para jogar futebol. Tenho como religião a pelada semanal entre amigos, mas , juro, sou mais poeta que ponta, mais escrevente que atacante, e mais proseiro do que goleiro. Mas continuo amando, Armando o jogo, e a bola me perdoa quando isolo, nas palavras me consolo.
RAPHAEL SOARES BARBOSA