Tarada

Jovem ainda. Fosse burra, o fato seria normal. Mas não era.

Têm muitas coisas que incomodam. Esta invade nossos poros. Estudante superior, e não digo qual a área, foi abandonada pelo namorado que tanto amava.

Um fato comum, que acontece todos os dias. Não com a bela de cabelos negros, rosto anguloso, boca sensual e olhos implorando amor. Amor carnal. O namorado que sumiu não aguentou tanta exigência. Gostava de futebol, e toda quarta-feira estava firme no Maracanã. Torcia pelo Botafogo, mas o que gostava mesmo era ver os jogadores correndo no gramado, tentando o máximo, botafoguenses ou não.

A mulher julgava-se uma abandonada, imaginava que talvez era uma amante, futebol era desculpa. Mas nunca o seguiu. Caso fizesse, comprovaria que o marido estava na geral, botando os diabos para fora, berrando, xingando o juiz em altos brados. Fazia alí o que era incapaz, tanto no trabalho, como em casa.

Não era um moleque. Apenas, como muitos, extravasava suas frustrações e angústias.

Voltava para casa suado, com cheiro de multidão. Tomava um longo banho, e contava alguma coisa para mulher, esta, olhos fixos na televisão.

Certo dia foi à praia. Biquíni provocante e desceu no elevador junto com um garoto morador do prédio. A camisa longa, do marido, escondia muito seu corpo.

Na areia, quando tirou a camuflagem, o guri ficou doido. Seu estado piorou muito, quando ela pediu com voz melosa e safada, que ele passasse óleo no seu corpo.

Sim, aquele era o homem ideal, completamente apaixonado, incapaz de deixar a sua amada sozinha, fazendo-lhe toda espécie de carinhos.

Puta? Em absoluto que não! Apenas uma mulher “moderna”, que acabou perdendo a guerra quando o seu queridinho começou a namorar uma garota da sua idade.

Chorou rios de lágrimas.

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 30/03/2010
Reeditado em 30/03/2010
Código do texto: T2167417
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