Eu e a barata

Ela levantou só porque parecia que estavam lhe rasgando os rins. Levantar a noite é um problema pra quem as vezes nem consegue pegar no sono logo. Pois bem, ela foi vencida pela bexiga[!] Sem abrir ao certo os olhos, tentando não deixar escapar o sonho despertado vai cambaleante até o banheiro. Como de costume acende a luz, verifica o chão [pois todos sabemos que a noite pertence as baratas e ratos... enfim...], aquela olhada básica, só pra não correr o risco de pisar em um senhor da noite. Ok, tudo certo!

Já lhe falaram: - isso é maluquice! Mas fazer o que? Seu instinto de privacidade lhe exige a porta fechada [na verdade, é sempre trancada]. "Mas e se você escorregar tomando banho?" Ela nunca responde pois no fundo não acredita que essas coisas podem lhe abater [afinal está muito firme ao chão...].

A porta é fechada e a vontade saciada. O problema é que mesmo nesses poucos milésimos de segundos a névoa do sonho escapou-lhe entre os dedos. Fica meio irritada pois sabe que demorará a sonhar novamente. Coça os olhos e pensa em pegar um caderno velho e rascunhar qualquer coisa que lhe venha a mente [porque não tem como entrar na internet... está de castigo! É idiota ela sabe, mas fazer o que? 21 anos ainda é regime semi-aberto... e qualquer asneira surgida as 2:45 da madrugada deve ser avaliada no filtro religado todas as manhãs, senão o que seriam dos amigos recantistas?]. Na verdade não quer escrever budega nenhuma! Quer dormir! Nem precisa voltar ao sonho, que também já nem lembra qual era...

Dá uma olhada nas olheiras, no espelho sujo de pasta dental [lembra que dormiu sem escovar os dentes], vai precisar resolver aquele inconveniente de manhã... E vê um reflexo branco enfeitando a porta atrás de si ainda trancada. Nem acredita no que está vendo [também são 2:46!] Ela observa com mais atenção.

É uma barata. Uma barata branca! Lembra da menina albina que vira na praia certa vez. Menina bonita [e também muito bem acompanhada...]. Olha bem de perto e mesmo tudo indicando que é uma barata albina não se sente a vontade. Não simpatiza. Baratas são pretas ou no máximo marrom bem escuro. Seu olhos estão lhe pregando uma peça! Isso é certo! Olha de novo. Não se conforma. Branco é cor da limpeza, da paz. A barata é coisa suja e terminou com o resto da sua paz.

Era estranho e bizarro. Aquilo não era uma barata. Foi se deitar e imagens daquele ser maligno com aparência estranhamente benigna lhe inundaram a mente. Teve uma noite tensa: baratas brancas não existem!

Graças a sua voluntariosidade e imenso senso de justiça, logo que teve oportunidade fez uma busca de imagens no google. E qual não foi a sua surpresa? Baratas albinas existem! Agora não duvida de quase nada.

E se entregou ao seguinte pensamento: se a barata pode ser branca o homem pode ser inteligente!

p.s.: a história é verídica!

p.s.2: imagem da barata albina: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.bicodocorvo.com.br/wp-content/uploads/2009/03/barata-albina.jpg&imgrefurl=http://www.bicodocorvo.com.br/animais/barata-albina&usg=__Us5typ1CefW8RuGsIsaT0pWJJ3Q=&h=335&w=455&sz=10&hl=pt-BR&start=1&itbs=1&tbnid=jktAxlZnwW9YhM:&tbnh=94&tbnw=128&prev=/images%3Fq%3Dbarata%2Balbina%26hl%3Dpt-BR%26gbv%3D2%26tbs%3Disch:1

p.s.3: não me pergute pq escrevo na 3ª pessoa! [deve ser meu superego não querendo admitir as besteiras que passam pelo ego...]

p.s.4: a crônica pode parecer de humor, mas definitivamente não é pra ser engraçada!

Bella Dona
Enviado por Bella Dona em 29/03/2010
Código do texto: T2166173
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