JULIANA
Sabendo que estava sendo espionada e admirada , ela não se fazia de rogada, procurando ser cada vez mais ousada e atrevida. Alisava os cabelos longos e negros, que reluzentes na claridade da janela lançavam ao ar o seu doce perfume de hidratantes florais pós-banho. Sua silhueta era magnífica, uma beldade de corpo moreno jambo que com desenvoltura e provocação nem tentava se esconder nas minúsculas roupas íntimas que estava usando. Apertava os seios para cima como se fosse ajeitá-los a sustentar-se...
Nem precisava, pois eram firmes e lindos, fazia isso só para imaginar estar ouvindo os suspiros dos moleques que a espreitavam. Quase todos os dias, aqueles cinco meninos, de idades não superior a 17 e inferior a 15, desfrutavam de uma verdadeira e excitante maratona de sexo com aquela linda garota. Juliana, por ser reprimida pela sua madrasta de 42 anos, nunca teve a oportunidade de ter um namoro sequer corriqueiro, já por sua vez a danada da mulher, quase se separando do marido (o seu pai), tinha a liberdade de sair e divertir-se a vontade nos bailes próximos da região. Seus quase 21 anos de idade no rosto não representavam e não pareciam quase em nada à meia clausura que passara até então depois da morte da sua mãe, aliás, muito pelo contrário, sempre se imaginou rodeada de amantes e vigorosos garotos que a possuíam em pensamentos e sonhos.
Depois que o seu pai passou a fazer escalas de revezamento no trabalho e juntamente com as saídas noturnas ou diurnas da falsa zelosa madrasta, o tempo fora a seu favor. Ela ficava horas transando com aqueles moleques. Primeiramente..., antes desses encontros ás escondidas, eles eram um grupinho de taradinhos que sempre se masturbavam olhando-a. Até aqueles dias atuais ainda não tinham perdido o costume, pois quando não entravam no seu quarto por motivo da presença de um dos responsáveis, não sobrava outra alternativa. Juliana estava se encantando por um deles, de nome Pedrinho. Já mostrava sinais de apaixono em seu coração, mesmo que por todos eles sentisse tesão. Numa certa tarde ela foi à padaria a mando da megera, comprou uma coca-cola e uns doces para aquela filha da puta tentar curar uma ressaca que (dizia) tava de lascar. Da esquina ouviu-se apenas um cantar de pneus junto com um som curto de impacto, Juliana estava no chão... Os pacotes também...
O líquido espumante da coca-cola misturava-se ao sangue filetado de alguma parte do seu lindo corpo, estava inconsciente e toda esfacelada pelo carro que a arrastou por alguns metros. Logo a polvorosa e atônita multidão chamou o imediato socorro médico e Juliana se salvou. Depois de meses de fisioterapias, terapias e orações com os seus pais, ela parcialmente se recuperou. O tempo passava..., e indiferente com a presença da madrasta que também não a olhava muito..., porém, ela agora dava um pouco mais de valor para a garota que sempre foi obediente (talvez com aquele peso de culpa que todos nós sentimos, quando poderíamos ter evitado uma tragédia). Ao menos o casal se uniu um pouco mais a favor da carência da filha. Sentava-se ora aqui, ora ali, em uma cadeira, poltrona ou na beira da cama mesmo a tecer pensamentos. Ainda alisa e penteia os belos cabelos, mas, sem olhar muito no espelho, pois o seu rosto ficou desfigurado e parte do seu corpo paralisado por atrofiamento de alguns músculos. Volta e meia olhando para aquela janela vizinha, parecia ver apenas rápidos vultos, na sua libidinosa lembrança perdida...
Os meninos cada vez mais crescendo (somente) no tamanho, dão um singelo aceno de mão ou um penoso..., Oi! Ou um..., Olá, tudo bem? Passam para ir trabalhar, se divertir ou visitar os amigos, sem ao menos um dia sequer, depois de tudo o que houve entre eles, jamais dizerem algumas palavras carinhosas, um dialogo de conforto, um abraço ou um significativo beijo. Só ficou na mente deles o calor do sexo, o perfume e (só) a indignação daquela irresponsabilidade do motorista que fugiu, sem ao menos se darem conta de que o abandono (por eles) sofrido pela Juliana foi tão cruel quanto o seu atropelamento...