Tempos e Costumes

A arte de maneira geral revela-nos os costumes de uma época.

Um grande intelectual disse: "se destruíssem todos os livros de história deixassem só a literatura poderíamos reconstruir a história"!

Hoje, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia têm operado milagres.

Pouco tempo atrás ouvíamos músicas como esta:

"Você é mulher que já viveu/que já sofreu não minta/ um triste adeus

nos olhos teus/ a gente vê "mulher de trinta".

Hoje, com a expectativa de vida de setenta e três anos, este olhar

ficou trinta anos prá frente. Um avanço extraordinário para todos, em

especial para a mulher que no final da década de cinqüenta, terminado

o "curso normal" para as de famílias mais abastadas, era correr prá arranjar um marido antes dos vinte e cinco anos.

Passadas desta faixa etária, eram consideradas "tias encalhadas","moças velhas" dentre outros adjetivos depreciativos.

O trágico era que os rapazes após terminarem o "curso ginasial", iam para as metrópoles continuar os estudos.

O desfalque de rapazes no interior era calamitoso e a angústia das moças casadouras era imensa!

Tinham que se manter virgens até o dia do casamento.

Aconteciam casos inacreditáveis:

A filha de um comerciante depois de muitos anos de noivado

casou-se. Foi passar lua de mel em São Paulo. Poucos dias

depois, o marido veio devolver aos pais a moça que fora somente

sua namorada, alegando que tinha sido enganado porque a

jovem "não era mais virgem", visto não ter havido o sangramento

tão esperado pelos "machões". Foi uma vergonha para a família!

Para ela foi um aviltamento!

Não se falava também em divórcio, era "desquite" e as mulheres

desquitadas bem como as abandonadas pelos noivos

eram tidas como "mulheres faladas", não muito respeitáveis.

Na década de cinqüenta não havia ainda chegado ao interior os

anticoncepcionais. As mulheres eram assim submissas às vontades

dos seus maridos e senhores, obrigadas a dar-lhes filhos mais

ou menos de dois em dois anos. Rápido a prole se multiplicava.

Médico, era quase uma raridade! Alguns iam para o interior

para "fisgarem" moças ricas, para se dar bem economicamente!Hospitais, só havia nos grandes centros.

No interior, os partos eram feitos em casa, por parteiras que se tornavam comadres das parturientes.

Algumas mais habilidosas eram muito solicitadas!

Traziam atrás da orelha um molhinho de arruda com o qual

"benziam a comadre" prá dar sorte!

(Ave Maria,Deus seja louvado)! Quantas mulheres morriam de parto!

Cesarianos só nas grandes cidades prá quem podia pagar.

Visto de hoje, parece até que há cinquenta anos atrás ainda estávamos em "plena idade média"!

zaque
Enviado por zaque em 28/03/2010
Reeditado em 08/11/2010
Código do texto: T2164082