Meu anjo

Meu anjo

(*) Texto de Aparecido Raimundo de Souza.

para Carina Bratt.

Eu tenho um anjo. Um ente espiritual que me guarda os passos, que me guia dia e noite onde quer que vá ou esteja. Esse anjo é minha Luz sempre acesa, a estrela maior no infinito, o sol mavioso que aquece o meu frio e a água pura e cristalina que mata a minha sede. Eu tenho um anjo. Não um desses comuns que se compram nessas lojinhas de R$ 1.99, espalhadas pela cidade, mas um anjo de verdade, com asinhas nas costas, vestida de azul (embora brigue com ela pedindo que use o branco), os cabelos à Jennifer Garner (aquela da série “Aliás”). Esse meu anjo anda numa carruagem de cristal com dois bonitos cavalos brancos –, tão alvos como as nuvens de um céu de brigadeiro. É ela, meu anjo encantado, que todas as manhãs me acorda e toma café a meu lado. É ela que me faz ajoelhar antes de sair para o trabalho e pedir proteção ao Pai numa oração silenciosa endereçada ao Altíssimo.

Eu tenho um anjo. Da falange de Jesus, da legião que presta serviços constantes a Deus, um anjo que lembra Viviane Araújo por causa da sua meiguice, da sua ternura e do seu sorriso constante. Um anjo inteligente como a Carol Trentini que entende de moda e chega a arriscar alguns palpites nas roupas que devo usar. Eu tenho um anjo, tenho sim, um anjo autônomo, perfeito, incansável, senhora de si, cabeça feita, vive a proteger minha vida, quer seja na rua, no trânsito, no carro, dentro da condução, um anjo que caminha comigo, lado a lado, que marcha ombro a ombro, que segue comigo, de mãos dadas, um anjo que me desvia da estrada ruim evitando que siga em frente e caia num precipício sem volta.

Pois é: eu tenho um anjo, um anjo, eu tenho, acreditem, um anjo de luz intensa. É ela que enfrenta, em meu lugar, as balas perdidas, que se põe à frente dos malfeitores e dos assaltantes que tentam cruzam meu caminho. É ela que igualmente me orienta, protege, vigia, aconselha, ensina, governa e dirige os meus passos. É também esse meu anjo bom, essa criatura com poderes divinos, que me ampara nas viagens longas e não me perde de vista um minuto sequer -, mesmo quanto baixinho, lhe implore, que me espere, do lado de fora -, no corredor. Meu anjo é bonito. Seu rosto não me parece com ninguém conhecido, embora diga a ela, de vez em quando, ter uma leve aparência com a Virgem Maria.

Quando isso acontece, ela se limita a sorrir e ralhar com ares maternais, observando que deixe de lado as bobagens, que amadureça e encare com mais seriedade a viça que me cerca. Foi com esse anjo que aprendi a comer a fondue de carne em garfos compridos mergulhados na panela de óleo quente. Com ela conheci o verdadeiro sentido da paz, pois o meu anjo é todo feito de Paz! O meu anjo tem os traços de Jesus, age como Ele, e, como tal, caminha comigo em direção a felicidade que procuro a cada nova manhã, para mudar os destinos da minha vida.

(*) Aparecido Raimundo de Souza, 56 anos é jornalista. Free-lance das revistas “Textos Inteligentes” e Isto é gente”. Tem 12 livros publicados pelas Editoras TABA CULTURAL, RIO DE JANEIRO e SUCESSO SÃO PAULO.

Aparecidoescritor
Enviado por Aparecidoescritor em 27/03/2010
Reeditado em 21/05/2020
Código do texto: T2162584
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