A tromba do elefante
É muito engraçado quando algumas pessoas se aferram a um determinado ponto de vista, pautando nele a maneira de comandar suas próprias atitudes, não aceitando as considerações alheias, que sejam contrárias ao seu pensamento, a ponto de elas se tornarem em seres humanos “chatos”, irracionais, incongruentes e até mal-educados. Qual a razão de tudo isso? Simplesmente porque, ao defenderem algo que “acham” fazer parte da verdade, porém com um embasamento teórico e lógico distorcido por meio da ciência, da filosofia ou da religião, eles então partem para a defesa a todo custo daquilo que lhes parece real, sempre com medo de serem interpelados, retrucados e de se colocarem sob um beco sem saída, como resultado de argumentações bem expostas por aqueles que sabem o que estão falando. É por essa razão que, ao encontrarmos alguém de tal nível, nunca deveremos entrar em polêmicas, porque ele só ouve o som das próprias palavras, mais nada, e se por um acaso pusermos a nu a sua ignorância teimosa, aí iremos ganhar um inimigo gratuito, pronto a nos contradizer com veemência, mesmo que seja por intermédio de palavras vazias, chacotas incoerentes e até por impropérios, ou seja, usando a velha tática de “ganhar no grito” – isto é deprimente.
Essa forma de agir faz lembrar o caso do cego que foi conhecer o bicho elefante, mas como ele apenas segurou na sua tromba, então criou um conceito de que esse animal era muito semelhante a uma grande cobra, daí nunca mais aceitou qualquer explicação que demonstrasse ser o elefante um animal de quatro patas, com um corpo descomunal, tendo uma tromba como focinho. Essa teimosia prende-se à desconfiança de que estejam querendo impor teorias falsas contra a sua “sapiência”, por ele já ter o conceito formado e pronto sobre o seu ponto de vista; isto demonstra uma visão estreita de interpretar as coisas do mundo, não dando crédito a quem realmente conheça o assunto. Tudo isso é o resultado da manifestação do “ga” (ego, em japonês), o que denota o grande medo de deixar transparecer sua fraqueza de sabedoria e a incapacidade de analisar argumentos contrários, à luz da razão.
Outra forma de teimosia nada inteligente, que já cheguei a acompanhar, é quando o interlocutor reconhece que sua sabedoria é limitada e começa a fazer perguntas mil, para encontrar respostas a dúvidas que lhe atormentam, mas não aceita qualquer explanação inicial que não lhe dê a resposta de imediato, preto no branco. _Ora, de que adianta darmos respostas conclusivas a quem não tem conhecimento das nuanças do assunto? Por exemplo: respondermos com leis divinas a pessoas que não creem na existência de Deus – isto é malhar em ferro frio; daí então esse infeliz ficar pela eternidade batendo na mesma tecla, demonstrando abertamente ser possuidor, mesmo, de uma sabedoria muito limitada, mas, mesmo assim, NÃO QUER sair do seu “mundinho” personalizado. Nestes casos é prudente sairmos de cena, mesmo sabendo que nosso conceito com esse indivíduo vai ficar abalado. Nada disso importa porque “a fila anda” e a quantidade de pessoas que está passando por processos de sofrimento, por simples falta de conhecimento sobre a verdade das coisas, e QUER aprender como encontrar o caminho que o leve a uma luz no fim do túnel, é muito grande, dentro do contexto atual de caos societário em que foi transformado o Planeta.
Mesmo dentre aqueles que estão procurando sinceramente aprender o caminho, vamos encontrar os que não conseguem segui-lo, simplesmente porque descobrem que a solução dos seus problemas encontra-se plenamente em suas próprias mãos, e lhes requer uma boa dose de preparação e de muito esforço, se quiser alcançar resultados positivos. Nada ou ninguém está autorizado ou capacitado a resolver nossas mazelas, nem mesmo Deus, se não quisermos aprender a agir de acordo com Suas leis. Esta é a Verdade incontestável, que muita gente não quer enxergar, sei lá se por medo, presunção, ignorância, teimosia, apego, falta de inteligência, visão estreita, preguiça, ou até mesmo por falta de permissão ou de merecimento! Nos dias atuais a preocupação maior ainda está sendo o futebol, o Carnaval, o BBB, as Olimpíadas e demais inutilidades, embora a casa esteja caindo!