A Estética da Alma - História Gaúcha
Eu me chamo Roger Ceccon. Sou brasileiro, enfermeiro, professor e escritor. Venho do estado do Rio Grande do Sul, capital Porto Alegre, extremo sul do Brasil, fronteira com Uruguai e Argentina, região de clima temperado desse imenso país conhecido pelo clima tropical.
Estado de pessoas singulares, os rio-grandenses, gaúchos como são chamados, de costumes diferenciados, desse país tão mestiço e mesclado. Reina sobre esta terra uma eterna rivalidade local, entre gremistas e colorados. Eis que nunca mudará, o indivíduo que nascer de um lado, do outro nunca virará. Então impera o vermelho e o azul, o Beira Rio e Olímpico, no coração da gauchada.
De belezas naturais, de tradição campeira, coxilhas, cavalos e pelegos. E não me esqueço do chimarrão, bebida de tradição, passado de mão em mão. E o mate, como também é chamado, é tomado através de uma cuia, em rodas ou “solito”, a qualquer hora do dia. Bebida quente, de água esquentada em chaleira de ferro, na erva verde escura, de gosto amargo e rude.
Rio Grande do jornal Zero Hora, do Paulo Santana, de compositores, de Érico Veríssimo e Mário Quintana, da gaita, do futebol. De mulheres bonitas, de gente amistosa, amiga e companheira.
Se no passado o estado antecipou-se em ser uma república durante a vigência do regime monarquista no país, no cenário político nacional desta virada de século, marcado pela desigualdade social, a capital Porto Alegre tornou-se referência internacional como modelo bem sucedido de política com participação popular.
Nasci mais pro interior, região Noroeste do estado, numa cidade conhecida como Cruz Alta. Terra onde também nasceu o escritor Érico Veríssimo (qualquer semelhança é mera coincidência).
Aos dezesseis anos entrei pra Universidade, onde paralelamente ingressei na Secretaria Municipal de Saúde do município, mais precisamente no SAE – um serviço especializado em DST/HIV e AIDS. Meus quatro anos de estudo foram enriquecidos por práticas neste setor, estagiário, conhecendo as nuances de ser Enfermeiro.
Apaixonei-me por saúde pública (onde até hoje atuo), por pessoas, no encanto da arte de fazer mudar um contexto coletivo, de miséria e sofrimento.
Sempre fui um bom leitor, devorava livros, saboreava-os, lia e os relia. Sabia que tinha algo a dizer, não sabia bem o que, até hoje não sei. Eram paixões, vontades, sei lá. Então comecei a descrever, primeiro com caneta e papel nas mãos, de forma infantil, rascunhos rasgados, mal escritos. Depois vieram as poesias e as crônicas. Leio, escrevo e releio. Eis minha práxis.
Também aprecio a comunicação, a fala, os gestos, os rostos. Por isso leciono, na mesma Universidade que me formou, e que aprecio.
Então são amores e desamores, meus gostos e só. Nessa terra de ninguém e de tantos, sou mais um, sou alguém.