Casal Nardoni – Até que enfim a justiça.

Não poderia ser diferente. Os ecos de justiçam bradavam pelo país inteiro.

Os brasileiros esperavam uma decisão justa pelo menos uma vez, já acostumados à impunidade, descaso e proteção a quem tem dinheiro.

No íntimo eu temia por outra festa regada a pizza.

O fato de o casal negar ter matado Isabella e a nossa lei afirmar que todos são inocentes até que se prove o contrário deixava várias interrogações no ar.

Apesar de leiga no assunto, após ler várias notícias sobre o caso, não tive nenhuma dúvida deles serem os verdadeiros culpados.

As informações dos dois não se encaixavam com o trabalho da perícia técnica. E mesmo se não houvesse perícia o ocorrido era muito estranho.

Como conceber a idéia de uma pessoa entrar em um apartamento apenas para matar uma criança de cinco anos?

E se assim o fosse, porque a necessidade de se cortar uma grade e jogar o corpo pela janela?

Essas ações despenderiam um determinado tempo. Tempo esse que não se enquadrava nos depoimentos feitos na época por Alexandre e Anna Jatobá.

Terrível ter de admitir ser a própria família a autora de tamanha atrocidade. Contudo, infelizmente vivemos em um mundo que expõe diariamente a violência doméstica.

A família que é responsável pela proteção e cuidado de suas crianças e idosos, em alguns casos (não muitos, graças a Deus!) é totalmente omissa ou o carrasco de ambos.

Apesar de tudo, ainda confio na família. Ainda penso ser ela o alicerce da sociedade. Casos como o de Isabella e tantos outros, são tragédias isoladas.

Sei que o que precisamos é resgatar muitos sentimentos e valores esquecidos.

O amor é o sentimento principal e está sendo confundido com o sentimento de posse, obsessão e egoísmo.

O respeito mútuo também está sendo deixado para trás.

Contudo, sempre podemos repensar nós mesmos, nossas ações e os acontecimentos à nossa volta.

Ajudando a manter a paz no ambiente de trabalho, dentro da família e da comunidade já é uma forma de contribuir contra o avanço da violência no nosso mundo.

Tenhamos coragem mesmo que digam que somos um passarinho a carregar no bico uma gota de água para apagar um incêndio de enormes proporções.

São pequenas ações que conseguem se transformar em grandes mudanças.

Posso ser utópica, mas sonho com um mundo onde não precisemos mais nos comover com mortes violentas e monstruosas.

Enquanto isso não acontece, façamos nossa parte e com jeitinho peçamos a ajuda das pessoas que convivem conosco.

Traz alívio ver a justiça ser feita, porém ela não traz a vida da pequena Isabella.

O ideal seria que se evitasse que coisas como essas acontecessem. Porque apesar de trinta e vinte e seis anos de prisão, existe a redução de pena para bom comportamento, a prisão dormitório e outros benefícios para os réus.

O fato é que a justiça do homem é imperfeita, como o próprio homem o é.

Mas enfim, pelo menos é bom ter a sensação de que se foi feita justiça.

Que o anjo Isabella descanse em paz.